sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Rinite Alérgica - Ela também ataca no verão!


A rinite alérgica acomete aproximadamente 30 milhões de brasileiros, ocorre frequentemente nos meses mais frios do ano, porém, nos meses de verão muitas pessoas são também acometidas pela rinite, que é muitas vezes confundida com outras doenças.



Coceira no nariz, olhos e céu da boca, espirros sucessivos e coriza acompanhados de dor de cabeça e obstrução nasal, para muitas pessoas, são sinais claros de uma gripe forte, mas não é assim tão simples.


Se esses sintomas forem recorrentes, o melhor é procurar um especialista, pois você pode estar entre os milhões de homens e mulheres portadores de rinite alérgica. Essas pessoas apresentam os sintomas descritos acima apenas com uma mudança da temperatura ou um contato mais próximo com animais domésticos. São homens mulheres ou crianças, que dependendo da intensidade dos sintomas, podem passar noites em claro, ficando extremamente irritadas e em algumas ocasiões chegando até mesmo a se ausentar da escola ou trabalho, causando um comprometimento importante da sua rotina diária.


A rinite alérgica é definida como um processo inflamatório acometendo a mucosa de revestimento das fossas nasais e cavidades paranasais desencadeado pelo contato dessa mucosa com substâncias oriundas do meio ambiente, chamados alergenos, dando início a esse processo inflamatório. Dentre estas substâncias dispersas no meio ambiente, as mais frequentemente responsáveis pela rinite alérgica são: ácaro (presente na poeira domiciliar), pêlo de animais, pólen, fungos, etc...


Os sintomas ocorrem, basicamente, devido a uma produção exacerbada de anticorpos pelo organismo da pessoa alérgica. É interessante salientarmos que essas pessoas apresentam seu sistema imunológico dito hiperreativo, ou seja, em indivíduos não alérgicos, o contato com a mesma quantidade de alergenos, não provoca nenhum tipo de reação alérgica, pois seu sistema imunológico não é hiperreativo.


Frequentemente as pessoas associam a rinite alérgica ao tempo frio, a verdade é que ela também ocorre no verão, pois o clima seco favorece a propagação dos alergenos pelo ar. O outro grande vilão, muito utilizado nos meses quentes do ano, é o ar condicionado; presente nos automóveis, lares e ambientes de trabalho.


Nós respiramos cerca de 20 mil vezes por dia e o ar climatizado artificialmente (ar condicionado), sendo por nós inspirado em quantidade tão grande diariamente, nos meses de verão, pode ser muito prejudicial à saúde, se cuidados essenciais com os aparelhos não forem tomados (limpeza freqüente dos filtros e ductos). O aparelho de ar condicionado age promovendo uma redução drástica da captação do ar externo ao ambiente, causando uma concentração de poluentes biológicos (fungos, ácaros, bactérias) no ar interno dos ambientes climatizados, colocando assim o indivíduo alérgico em contato com concentração excessiva com o alergeno e desencadeando a crise alérgica.


É muito comum também, que pessoas alérgicas apresentem crises de rinite alérgica no verão quando vão passar férias em imóveis alugados na praia ou na montanha, pois usualmente esses imóveis ficaram fechados por longos períodos, aumentando assim a concentração de ácaro no seu interior, portanto é recomendável que o imóvel seja aberto e limpo alguns dias antes. A rinite alérgica é uma doença que até o momento não possui tratamento que cause cura, porém existem medicações que associadas a um controle ambiental adequado promovem acentuada melhora do nível de qualidade de vida dos doentes.


Entre os medicamentos mais utilizados, podemos citar, os anti-histamínicos, corticóides e vacinas, que ajudam a reduzir a sensibilidade do organismo aos alérgenos e combatem a reação inflamatória causada pelos mesmos.

As crianças, em particular, podem ser extremamente prejudicadas no que diz respeito a sua qualidade de vida, caso não tenham sua rinite diagnosticada e tratada precocemente, pois podem apresentar distúrbios do sono, atraso no rendimento escolar, deformidades do desenvolvimento oro-facial, alterações na fala, etc...pois estas crianças apresentam um padrão respiratório oral.


Um estudo internacional, envolvendo o Brasil, revelou que a prevalência da rinite alérgica entre as crianças de 6 e 7 anos é de 25 por cento, entre os 13 e 14 anos é de 29 por cento, ou seja, quase um terço dos adolescentes brasileiros apresentam rinite alérgica.


Segundo a organização mundial de saúde, a rinite alérgica é classificada como um problema de saúde pública, portanto em todo o planeta começam a surgir movimentos no sentido de alertar para o problema e melhorar as opções de tratamento.


* Dr. Roberto Tambasco é Otorrinolaringologista.

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