terça-feira, 17 de agosto de 2010

Esportes contra a depressão!

Porque a prática de esportes é uma boa saída para quem sofre deste mal

A depressão é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, devido à sua alta morbidade e mortalidade. Nos EUA, atinge cerca de 9,5% dos adultos por ano, e sua incidência é estimada em 17% da população mundial. Algumas de suas características são: tristeza, perda de peso, sentimentos de culpa, ideias de suicídio, queixas de dores, dificuldade de concentração e distúrbios do sono. A maioria dos pacientes com depressão apresenta algum tipo de insônia, sendo que 40% destes apresentam dificuldade para iniciar o sono, múltiplos despertares durante a noite, ou acordam e não conseguem mais dormir.

Apesar de haver disponibilidade de mais de oito classes de antidepressivos, com aproximadamente 22 substâncias ativas no mercado mundial, somente 30 a 35% dos pacientes depressivos respondem ao tratamento medicamentoso. Resposta é definida como uma redução de 50% dos sintomas observados através de escalas de avaliação de depressão, enquanto remissão é definida como uma melhora total. Para isso, faz-se necessária a utilização de outros métodos de tratamento, associados ao tratamento medicamentoso. Dentre estes métodos, a atividade física pode ser considerada eficaz no tratamento da depressão. Além de promover a melhora do bem-estar e do humor, propiciam melhora do condicionamento físico, diminuição da perda óssea e muscular, aumento da força, coordenação e equilíbrio. Além disso, o exercício físico leva o indivíduo a uma maior participação social, resultando em um bom nível de bem-estar biopsicofísico, fatores esses que contribuem para a melhoria de sua qualidade de vida.

É provável que os distúrbios afetivos envolvam distintos sistemas neuronais e seus respectivos neurotransmissores. Desta forma, o aumento na liberação de alguns neurotransmissores, como a noradrenalina e a serotonina, que ocorrem durante o exercício físico, pode justificar as melhoras metabólicas e consequentemente do humor, uma vez que já está estabelecido na literatura a correlação entre alterações desses neurotransmissores e a depressão.

Durante a realização de exercício físico, ocorre liberação de endorfina e da dopamina pelo organismo, que propiciam um efeito tranqüilizante e analgésico no praticante regular, que frequentemente se beneficia de um efeito relaxante pós-esforço e, em geral, consegue manter-se um estado de equilíbrio mental mais estável.

Atividades como caminhada e corrida são os exercícios físicos mais utilizados para o tratamento da depressão. Estudos mostraram que, para a redução efetiva dos sintomas de depressão, é necessária a prescrição de exercícios com duração de 30 minutos, onde atividades longas e menos intensas são preferíveis, por interromperem, com maior eficiência, pensamentos depressivos. Tendo em vista que a maioria destes pacientes é sedentária, preconiza-se a frequência de duas a quatro vezes por semana. Exercícios pesados, como musculação, também são indicados.

A relação entre o papel do exercício e da atividade física no tratamento da depressão se direciona para duas vertentes: a depressão promove redução da pratica de atividades físicas e a atividade física pode ser um coadjuvante na prevenção e no tratamento da depressão. Assim, tendo em vista os benefícios físicos e psicológicos provenientes da atividade física em geral, pode-se concluir que sua pratica por indivíduos depressivos, sob orientação especializada, é capaz de promover a prevenção e redução dos sintomas depressivos.



* Dr. Adriano Gannam é Psiquiatra

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