quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sexualidade na Terceira Idade

Ao discutirmos a sexualidade entre os idosos, é preciso antes de mais nada, reconhecer a existência de atividade sexual entre pessoas maiores de 65 anos como fato normal e presente na nossa sociedade, sem preconceitos e mitos, visto que esta parcela da população é a que mais cresce em todos os dados estatísticos mundiais.
É preciso entender também que as relações íntima (não só aquelas que envolvam o “ato sexual” propriamente dito) podem exercer um impacto na qualidade de vida com a mesma intensidade de um casal antes da chamada “terceira idade”, necessitando portanto ser sempre abordado e orientado quando necessário.
Sexualidade é um termo que pode ser discutido sob diversos pontos de vista, entre eles culturais, antropológicos, fisiológicos, psicológicos e até patológicos, mas valiosos do que os homens e mulheres experimentam durante o processo de envelhecimento, algumas alterações anatomo-fisiológicas em maior ou menor grau que podem vir a influenciar sua sexualidade. No gênero masculino observamos um maior tempo para atingir uma ereção completa, um retardo na ejaculação, um maior período de latência para nova ereção (intervalo de uma ereção e outra), bem como redução da frequência sexual. Entre as mulheres observa-se uma redução da lubrificação vaginal, atrofia vaginal e uretral (podendo trazer em idades avançadas desconforto às relações e cistites de repetição). Redução da duração do orgasmo e da acidez vaginal. Todas essas alterações como dito anteriormente são fisiológicas e individuais não necessariamente correspondendo a qualquer disfunção sexual. O próprio fato de conhecer essas alterações tem um impacto positivo para uma boa vivência nessa nova fase. Outras limitações relacionadas a sexualidade na população idosa seriam doenças clínicas, autoestima negativa, problemas emocionais, barreiras sociais e/ou religiosas e Institucionalização (viver em asilos ou casas de repouso, etc.).
Diversas situações enfrentadas pelos idosos podem trazer prejuízos na questão sexual como viuvez, luto, separação ou aspectos diretamente ligados e desambientação (morar com os filhos, por exemplo). Outro fator importante a ser considerado é a influência de comorbidades ( outras doença), como artrites, diabetes, doença de Parkinson, incontinência urinária, AVE (“derrames”), bronquite, entre outras; nunca esquecendo das disfunções sexuais como efeito colaterais de medicamentos (principalmente quando se usam várias drogas). É claro que precisamos salientar também que mesmo diante de tantas situações, que podem alterar a sexualidade em indivíduos idosos, uma grande parcela deles apresenta-se satisfeita com suas questões ligadas ao sexo, mantendo relacionamentos proveitosos e emocionalmente valiosos, bem adaptados física e mentalmente aos déficits questões relacionadas ao envelhecimento.
Dados recentes nos alertam para um fato preocupante (e que não pode ser desconsiderado) que é o aumento do índice de DST/AIDS nessa parcela da população, o que remete ao pouco conhecimento e informação destinadas ao uso de preservativo por parte das pessoas idosas; principalmente tratando-se daquelas que não têm parceiro(as) fixos(as). O advento das drogas para tratamento da disfunção erétil (que é a impotência sexual masculina), indiretamente aumentou o número de pessoas sexualmente ativas e também de idosos, até então sem atividade (separados, viúvos, etc..) em busca de novas parceiras, o que requer medidas de aconselhamento e educação (reeducação) de sexualidade apontando para essa nova realidade.
Nos relacionamentos duradouros, geralmente há uma modificação nos padrões do que chamamos “relação de casal”, onde a paixão e o vigor sexual experimentados nos anos iniciais dá lugar a sentimentos como cumplicidade, afeto, intimidade, carinho e aceitação de nós mesmos e dos outros, apesar da passagem dos anos-ou seja, amor e sexo não tem idade!!!
Para este autor, a prática geriátrica, no sentido de escutar (e aprender) a vivência dos meus pacientes com suas histórias simples de relatos e narrativas, mas riquíssimas de sentimentos e possibilidades, tem se tornado experiência muito mais valiosas do que os volumosos livros de Freud ou Lacan, em termos de auto conhecimento.Na verdade o envelhecimento bem adaptado, com relacionamentos bem conduzidos (física e mentalmente) tem muito a nos ensinar sobre tudo o que expressa sexualidade.

* Dr. Renato de Carvalho é Geriatra / Clínico

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Icterícia Neonatal

Icterícia é a situação em que a coloração da pele torna-se amarelada. Mais da metade dos recém nascidos apresenta icterícia. Essa coloração é decorrente do acúmulo de um pigmento, denominado bilirrubina, na pele. Esse acúmulo na pele e em outros órgãos ocorre por imaturidade do recém-nascido (principalmente do seu fígado) para sua eliminação.
Quanto maior o acúmulo de bilirrubina, mais partes do bebê tornam-se amareladas, sendo esta progressão crânio-caudal, o que significa que se inicia no rosto e vai descendo para tronco, abdômen, e por último membros (icterícia intensa).
Na maior parte dos casos, os níveis de bilirrubina encontram-se baixos e não oferecem riscos ao recém-nascido, que continua se comportando normalmente, é o que chamamos de icterícia fisiológica.
Geralmente a icterícia fisiológica aparece entre o segundo e terceiro dia de vida, desaparecendo em sete dias, não necessitando de tratamento específico.
Uma causa comum de icterícia fisiológica é a baixa ingesta de leite materno, ou seja, quando o bebê não suga todo volume que precisa, sendo denominada icterícia associada a amamentação.
O tratamento para a icterícia fisiológica é aumentar o número das mamadas e também o banho de sol, respeitando os horários com menor radiação solar que é antes das dez e após as dezesseis horas. O ideal é o bebê estar sem roupa, para que ocorra a exposição ao sol da maior parte do corpo e que essa exposição dure de dez a quinze minutos, para evitar queimaduras na pele.
A icterícia patológica ocorre dentro das primeiras 24 horas de vida, os níveis de bilirrubina no sangue aumentam muito e se prolongam por mais tempo. Ela pode se originar de condições como a incompatibilidade sanguínea entre a mãe e o filho, anormalidades do fígado, infecção e outros problemas do metabolismo. Para este tipo de icterícia é necessário tratamento hospitalar com fototerapia e investigação da causa da icterícia.
A fototerapia é um tratamento simples e muito eficaz, em que o bebê é colocado sob luzes especiais, sem roupas e com proteção nos olhos, para receber o “banho de luz”. O uso contínuo da fototerapia promove a queda dos níveis de bilirrubina, agindo diretamente na pele, transformando a bilirrubina em uma molécula que pode ser eliminada sem sobrecarregar o fígado do bebê. O tempo de tratamento é variável, de acordo com a intensidade da icterícia.
Existem alguns casos em que a fototerapia não resolve o aumento rápido e progressivo da bilirrubina, sendo indicado o que chamamos de exsanguíneotransfusão, que é a “troca” do sangue do bebê. Com ele são retirados os componentes tóxicos do sangue do bebê, resultando em diminuição da bilirrubina e reduzindo o risco de danos neurológicos.
Existe também a icterícia do leite materno, que tem como característica um aparecimento tardio, quando a icterícia fisiológica já cedeu. Ela surge entre dez e quinze dias de vida, podendo persistir por várias semanas ou, raramente, vários meses. Ela ocorre devido a presença de enzimas no leite materno que aumentam a absorção da bilirrubina intestinal do bebê.
É importante ressaltar que não se deve oferecer qualquer produto ou chá ao bebê com icterícia na tentativa de reduzi-la, pois essas substâncias podem ser prejudiciais para a saúde. Amamentar mais reduz a icterícia, não sendo recomendada a ingestão de outras substâncias.
Todo recém-nascido com icterícia intensa que se apresenta menos ativo, com dificuldade para sugar ou com menor resposta a estímulos, deve ser levado ao pediatra imediatamente pois o tratamento para icterícia patológica, quando iniciado precoce e adequadamente, previne danos neurológicos para o bebê.
Resumidamente, sempre que perceber que o recém-nascido está amarelado, leve-o ao pediatra para que ele o avalie e tome as condutas necessárias para que seu bebê continue saudável.

* Dra. Lidiane Diniz Braga é Pediatra - Neonatologista

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Hipertensão na Gestação

Sinonímia: Doença hipertensiva especifica da gravidez (DHEG); Pré-eclampsia; eclampsia; toxemia gravídica; hipertensão induzida pela gravidez.
É uma doença de grande importância para o estudo devido as altas taxas de mortalidade materna e perinatal. Em relação à mortalidade materna segundo a Organização Mundial de Saúde, nosso País ocupa uma desconfortável posição entre os países de alta mortalidade materna: 140/100.000 nascidos vivos, quando o ideal seria 10/100.000.

O que é pré-eclampsia?

E uma doença que ocorre em gestantes acima de 20 semanas.
Sempre que houver pressão alta (níveis de pressa superior a 140/90mmHg, “proteinuria” (perda de proteína pela urina com valores iguais ou maiores que 300 mg de proteína na urina coletada em 24h e edema).

Se não cuidada pode evoluir para quadros mais graves:

• Eclampsia: que e a pré eclampsia com convulsões;
• Síndrome Hellp: mais um conjunto de sinais e sintomas onde HELLP e uma sigla significado e: H hemólise (fragmentação das células vermelhas do sangue); EL (Eleveted liver functions tests) alteracao das provas de função hepática (fígado); e LP (Low platelets count) diminuição do numero de plaquetas (células que ajudam na coagulação).

Quais pacientes tem mais riscos:

• Baixo padrão sócio econômico (desnutrição);
• Antecedentes familiares da doença;
• Pacientes com antecedente próprio;
• Pacientes com outras doenças associadas (hipertensão, diabetes, doença renal e auto-imune).

Como se trata?

No manejo destas pacientes leva-se em consideração a idade gestacional (tempo de gestação) e a gravidade da pré-eclampsia (leve, grave ou eclampsia, evitar chegar à síndrome HELLP) para que se escolha a conduta mais adequada. O tratamento definitivo e a interrupção da gestação, entretanto algumas vezes e possível aguardarmos o amadurecimento do feto para realizar o parto.

• Pré-eclampsia leve com feto a termo: interrupção da gravidez, indução do parto, se possível.
• Pré-eclampsia leve com feto prematuro: repouso, controle da hipertensão arterial, avaliação fetal e exames seriados visando identificação da piora do quadro.
• Pré-eclampsia grave com feto a termo: equilibrar condições maternas, se necessário e apos, interromper a gestação.
• Pré-eclampsia grave com feto prematuro: avaliação materna e do bem estar fetal seriada, uso de corticosteróides para ajudar o amadurecimento do pulmão fetal e interromper a gestação.
• Eclampsia com feto a termo ou pré termo: aqui primeiro controlar as convulsões e os distúrbios metabólicos materno e logo apos a gestação deve ser interrompida.
Para acompanhar estas pacientes, é necessário uma equipe experiente e um hospital bem equipado com uma boa maternidade, UTI Adulto e UTI Neonatal.

* Dr. Gilberto Paiva é Ginecologista/Obstetra



Amigdalite, saiba como lidar com ela!

Amigdalas são acúmulos de tecido linfóide distribuídas em diversos pontos da árvore respiratória. Este tecido participa do sistema imune (de defesa) e é semelhante aos “gânglios”, popularmente conhecidos como “ínguas”, frequentemente encontradas no pescoço, axilas e virilhas.
As amigdalas mais conhecidas são as amigdalas palatinas, duas massas de tecido localizadas na garganta, no fundo da boca. Também encontramos as amigdalas faríngeas, ou adenóides, situadas na parte superior da garganta e no fundo do nariz, por onde passa o ar, portanto, não visível sem instrumentos especiais. Já as amigdalas linguais ficam na base da língua. Juntas, as amigdalas palatinas, amigdalas linguais e a adenóide formam o anel de Waldeyer. O anel de Waldeyer é, então, o conjunto destes tecidos, que têm a função de produzir anticorpos para proteger de infecções. Estes tecidos linfóides são grandes e muito atuantes nas crianças (principalmente até os 3 anos de idade) e vão diminuindo de tamanho e de atuação com a idade.
As amigdalas podem apresentar processos inflamatórios e / ou infecciosos, causados por vírus ou bactérias respectivamente. Os processos virais são os mais frequentes.
Amigdalite Viral




Acredita-se que os vírus agridam mais facilmente as amigdalas quando a temperatura ambiente está baixa e há exposição ao frio; ao ficarmos em ambientes fechados com muitas pessoas quando está frio e, também, no clima muito quente e úmido, quando usamos aparelhos de ar condicionado, ventiladores e alimentamo-nos mal. As más condições de higiene bucal e a promiscuidade, especialmente nos mais jovens, também são fatores significativos.
Os processos de amigdalites por vírus apresentam-se com amigdalas aumentadas de tamanho e bastante avermelhadas, podendo facilitar a instalação da infecção bacteriana, ou, esta ser bacteriana desde o início.
Febre, dor de garganta, dor para engolir, mau hálito, “caroços” ou “gânglios” no pescoço e mal estar são sinais e sintomas que podem indicar uma amigdalite. A intensidade destes sintomas varia muito e há casos em que o paciente precisa manter repouso domiciliar ou, até mesmo, ser internado.
Quando o processo de amigdalite é viral, o tratamento é principalmente sintomático, com antitérmicos e analgésicos para diminuir a febre e o mal estar e, eventualmente, antiinflamatórios, sob orientação médica; assim, o paciente poderá sentir-se melhor e alimentar-se bem, o que favorece sua recuperação.
Na amigdalite bacteriana ocorre a presença de placas purulentas nas amigdalas, além do aumento de tamanho e de vermelhidão intensa. A febre em geral é mais alta e persistente, indicando, após o exame médico a prescrição de antibióticos adequados. O uso do antibiótico na dose e no tempo adequados é imprescindível para que não haja complicações do quadro, como, acúmulo de secreção purulenta ao redor das amigdalas (abscesso peri amigdaliano) ou complicações cardíacas, articulares e renais.
Se o paciente apresenta vários episódios repetitivos de amigdalites bacterianas, 4 ou mais em 6 meses ou, 6 ou mais em 12 meses, apesar de tratamentos preventivos adequados, a remoção das amigdalas palatinas deve ser avaliada, pois, em vez de ajudar na manutenção da saúde, estas podem estar atrapalhando. 
Amigdalite Bacteriana




Estas cirurgias não são tão recomendadas como antes de existirem antibióticos adequados e tratamentos preventivos cada vez mais eficazes, porém, a “amigdalectomia” bem indicada é, ainda uma cirurgia que melhora muito a saúde e a qualidade de vida daqueles que a necessitam. No Brasil são fitas em torno de 200.000 cirurgias das amigdalas e adenóides por ano, sendo, ainda, a segunda cirurgia mais realizada em crianças no mundo. Não é raro que adultos também tenham a indicação médica de remover suas amigdalas.
O é importante salientar que as boas condições alimentares, de higiene e ambientais são os fatores que realmente vão defender o paciente de suas doenças, mantendo sua qualidade de vida. Frente a qualquer dúvida é imprescindível procurar seu médico. 


 * Dra. Nadejda Maria Ávila da Silva Varginha é Mestre e Doutora em Otorrinolaringologia





sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Azia: Você pode prevenir!

Azia, também conhecida como pirose é uma sensação de ardor e queimação no estômago e no esôfago (região mediana do peito ). Essa queimação é provocada pela ação do ácido gástrico presente no suco gástrico produzido no estômago. Na medida certa esse ácido é fundamental na digestão dos alimentos, porém quando produzido em grande quantidade provoca azia. Na grande maioria das vezes ocorre em função de uma alimentação muito temperada ou apimentada. O fumo, café, bebidas alcoólicas ou gasosas também podem provocar azia bem como o consumo excessivo de frutas cítricas, chocolate ou alimentos gordurosos.
Em alguns casos a azia pode ser um indicativo de alguma doença, como por exemplo, refluxo gastro esofágico ou esofagite (inflamação no esôfago). Ter azia ocasionalmente é comum e não necessariamente significa que a pessoa tenha algum tipo de doença, porém, a azia persistente que ocorre mais que duas vezes por semana é considerada doença e deve ser avaliada por um especialista.
Uma outra causa de azia atualmente é o uso de medicamentos, cada vez mais disseminado pela população. Qualquer tipo de medicamento deve ser ingerido com bastante água (um copo cheio) para que o comprimido ou cápsula chegue até o estômago, porque medicamentos que permanecem por muito tempo no esôfago causam lesões e podem provocar azia. Também não é recomendado tomar remédios deitado pelo mesmo motivo.
Alguns tipos de medicamentos como antiinflamatórios em geral e analgésicos à base de ácido acetil salicílico (AAS) têm a capacidade de provocar lesões na mucosa gástrica que se exteriorizam por azia. Nesses casos, as lesões não são dose dependente, isto é, um simples comprimido pode provocar a lesão. Outra lembrança importante é que qualquer desses medicamentos, para produzir o seu efeito precisam cair na corrente sanguínea (isto é, serem absorvidos), portanto tomados por qualquer via (supositórios, injeções, pomadas) serão absorvidos e provocarão lesões gástricas. Outra ideia errada a respeito dos medicamentos é que se forem tomados com leite ou após refeições não provocarão problemas. O máximo que poderá acontecer é que o leite ou alimentos prejudiquem a absorção do medicamento, e com isso, diminuam a agressão gástrica, mas ao mesmo tempo os efeitos do remédio para o qual foi tomado também serão muito menores.
Lembretes para quem quer evitar azia: não deitar após refeições (pelo menos 3h depois ), não tomar leite, bicarbonato ou sal de frutas para tratar azia porque mascaram os sintomas e estimulam o estômago a produzir mais ácido, evite o stress porque ele também aumenta a produção de ácido (se é impossível evita-lo faça um tratamento para aprender a não descarrega-lo em seu organismo), não use roupas apertadas no abdome (cintas, cintos etc), coma mais vegetais crus, mastigue bem os alimentos e coma devagar, evite líquidos durante as grandes refeições (almoço ou jantar), dê preferência a alimentos frescos sem corantes ou conservantes em sua alimentação habitual, controle o uso de fermentativos (arroz, feijão, batata, massas e doces) principalmente durante a noite, e, finalmente lembre-se que saúde depende basicamente dos hábitos adotados pelo indivíduo, não haverá milagres e, portanto as mudanças de comportamento deverão continuar mesmo que os sintomas desapareçam porque é impossível para o organismo consertar constantemente os erros que cometemos conscientemente e continuamente. É uma questão de escolha entre o que nos faz bem e o que nos faz mal e o custo benefício das consequências.

* Dra. Anelise Luderer Dias é Gastroenterologista





quinta-feira, 23 de setembro de 2010

É importante fazer check up?

O ritmo e as condições de vida no mundo moderno, principalmente nas grandes cidades, impõem uma série de exigências à nossa saúde. Cada vez mais é reconhecida a importância de nos anteciparmos às doenças, detectando de modo precoce alterações no nosso organismo. A medicina preventiva é a melhor maneira de evitar doenças e em alguns casos curá-las.
A realização de exames gerais, periodicamente, é uma das formas eficazes de evitar doenças ou tratá-las precocemente antes que compliquem, garantindo assim mais saúde e melhor qualidade de vida.
Um check up deve ser iniciado com uma consulta médica que definirá quais exames complementares serão necessários para cada caso. A visita a um médico de confiança é de suma importância, pois este avaliará a história de vida do paciente, seus antecedentes pessoais e familiares, seus hábitos. Não adianta as pessoas decidirem apenas que vão fazer todos os exames complementares disponíveis. Há que ter a figura de um profissional para não só indicar os exames necessários, mas principalmente analisá-los, pois estes por si só não tem valor diagnóstico preciso. Cada indivíduo tem suas peculiaridades e suas predisposições genéticas e familiares. Cada um vive em seu universo particular que lhe propicia ou não determinadas doenças.
Com este enfoque é que várias sociedades médicas como a Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Dermatologia, Sociedade Brasileira de Urologia, Instituto Nacional do Câncer, dentre outras, estão preocupadas em realizar para a população em geral, campanhas temáticas no combate às drogas e alcoolismo, combate ao sedentarismo, combate à hipertensão, combate ao tabagismo, campanhas de controle do colesterol, combate à obesidade e ao diabetes, prevenção do câncer de mama e de próstata, prevenção do câncer de pele, etc.
Alguns estudos demonstram que as chances de cura para uma doença descoberta em fase inicial são enormes, porém melhor ainda é evitar que ela aconteça. Por exemplo, sabe-se que a mudança de hábitos alimentares, a prática de atividade física e a parada de um hábito nocivo como o tabagismo e o etilismo, podem evitar o aparecimento de um grande número de doenças. Se associado a isto, o indivíduo ainda realizar periodicamente (geralmente anualmente) seus exames preventivos, aumenta em muito a chance de prevenir ou até curar muitas doenças.

Dentre os exames que podem e devem ser realizados periodicamente, podemos citar :

• Visitas ao ginecologista com o exame preventivo para o câncer de colo de útero e a realização de mamografia para prevenção do câncer de mama;
• A visita ao urologista com realização do exame clínico (toque retal) e realização do PSA, para prevenção do câncer de próstata;
• A visita ao cardiologista e a realização de exames bioquímicos e exames cardiológicos, como teste ergométrico, eletrocardiograma e ecocardiogramas, podem precocemente diagnosticar doença das coronárias, hipertensão arterial, dislipidemias e diabetes;
• A visita ao ortopedista, e a realização de densitometria óssea que pode diagnosticar precocemente a perda de cálcio nos ossos, possibilitando um tratamento precoce para prevenção da osteoporose.
Enfim, podemos observar, que ao identificarmos qual ou quais profissionais devemos procurar para realizar nossos exames preventivos, estamos tomando uma atitude de respeito a nós mesmos no sentido de nos propiciar mais saúde e melhor qualidade de vida.

* Dra. Rosana Vilela W. Peixoto é Cardiologista

Saiba mais sobre a "Alopecia Areata" (Queda de cabelo)

A alopecia areata á uma doença que se apresenta como queda de cabelos e pêlos do corpo, geralmente de início súbito, sem apresentar nenhuma alteração na pele do local. O termo alpécia significada perda dos pêlos e areata em forma de anel. É vulgarmente conhecida como “pelada”. Ela pode se manifestar de diversas maneiras, e as mais freqüentes são: pequenas áreas sem cabelos só no couro cabeludo ou só na barba ou só em outras áreas do corpo. Geralmente, a doença não se acompanha de nenhum outro sintoma. Alopecia areata ocorre em 1% a 2% da população. Afeta ambos os sexos, todos os grupos raciais e pode surgir em qualquer idade, embora em 60% dos casos seus portadores tenham menos de 20 anos.
A doença é causada por três componentes associados: predisposição genética, alteração do sistema imunológico (sistema de defesa do organismo) e um fator desencadeante (muitas vezes um fato emocional traumático, ou alguma outra doença geral importante como infecções ou cirurgias). A predisposição genética pode ser afirmada com segurança pela observação de vários casos em uma mesma família. Com relação ao sistema imunológico, o que acontece é que algo semelhante a um anticorpo passa a agredir a raiz dos pêlos, impedindo o seu desempenho normal. Porém, são raros os casos (e estão entre aqueles de duração muito prolongada) em que a raiz dos pêlos é destruída. Na maioria absoluta dos casos o folículo do pêlo conserva sua capacidade de voltar a produzir normalmente. Os fatores desencadeantes variam de pessoa a pessoa, mas, em geral, são fatos traumáticos importantes ocorridos algum tempo antes do início da doença.
O diagnóstico normalmente é feito pela simples aparência das áreas sem cabelo, circunscritas, e em certos casos há necessidade de fazer biópsia da pele afetada para afastar outras causas de alopecia.
A história natural da doença é extremamente variável. Durante a vida, podem ocorrer diversos episódios de queda, seguidos de recuperação parcial ou total do cabelo perdido. Pode haver queda num local e crescimento em outros; mas, a perda também pode ser irreversível.
Quando o cabelo volta a crescer, geralmente é branco e fino para depois adquirir cor e consistência normais. Com ou sem tratamento, crescimento parcial ou completo deve ser esperado dentro de um ano, nos casos de alopecia em placas. De 7% a 10% dos pacientes desenvolvem formas graves de alopecia crônica. Quando a alopecia areata instala-se antes dos dois anos de idade, 55% das crianças mais tarde evoluem para alopecia total.
São vários os tratamentos utilizados na alopécia areata e a característica clínica de cada caso é que determinará qual deles deve ser utilizado. As medicações utilizadas podem ser de uso local ou sistêmico e a duração do tratamento vai depender da resposta de cada paciente.
É importante saber que a alopecia areata é uma doença crônica e que, portanto, mesmo naquelas pessoas em que houve total recuperação dos cabelos, não se pode afirmar categoricamente que nunca mais vão cair.
Diante disso tudo é imprescindível que as pessoas portadoras de alopecia areata tenham, além do tratamento da doença, um apoio psicológico que as ajude, tanto a lidar com os traumas anteriores como a enfrentar a grande dificuldade que é viver no dia-a-dia sem os cabelos. É difícil procurar emprego, é difícil se relacionar com o(a) namorado(a), é difícil suportar o olhar das pessoas na rua, é difícil responder às perguntas dos curiosos. E tudo isso fica mais fácil se tem alguém com quem conversar sobre o assunto, se conhece alguém com o mesmo problema, se as dúvidas sobre a doença são esclarecidas.

* Dra. Cynthia Furtado é Dermatologista

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Diabetes Gestacional - Tire suas dúvidas

Diabetes gestacional é definida como a intolerância à glicose que aparece ou é primeiramente reconhecido na gravidez, mas que desaparece após o parto.
O rastreamento é recomendado entre 24 a 28 semanas da gravidez, porque nessa época se manifesta o efeito diabetogênico da gestação.

Fatores de Risco:
• Idade acima de 25 anos;
• Índice de massa corpórea acima de 25;
• Raça não-caucasiana;
• Diabetes em parentes de 1º grau;
• História de diabetes gestacional.

Complicações:
As complicações comprovadas do diabete gestacional são a massomia fetal (fetos grandes, com mais de 4.000g), maior incidência de parto cesariana e alterações metabólicas no neonato (hipoglicemia, hipocalcemia).

Tratamento:
 1. Dieta com limitação na ingesta de carboidrato;
2. Exercício físico;
3. Uso de insulina quando os níveis glicêmicos forem indicados, pois o uso de hipoglicemiante oral está contra indicado na gravidez.

Comentários:

A gravidez é marcador metabólico precoce de diabete tipo 2. Assim, mulheres com diabete gestacional, devem ser avaliadas anualmente pelo teste pós-glicêmico (coleta de sangue em jejum) e aconselhadas a mudanças nos hábitos de vida.
O rastreamento da macrossomia fetal é feito pela ultra-som entre 28 a 32 semanas de gravidez com a medida circuferência abdominal (CA).
Mulheres com o diabete gestacional têm risco de 35 a 50% de repetir a anormalidade em gestação subsequente. Demais, têm risco elevado (30 a 60%) de desenvolverem o diabete tipo 2 mais tarde.
O grande problema para o concepto do diabete gestacional é a elevada incidência de malformações (defeitos de tubo neural “DTN”, cardiopatia) e de morte intra-uterina na gravidez avançada.
O objetivo do tratamento na diabete gestacional é o rígido controle metabólico através da insulinoterapia e a administração de folatos no período perioconcepcional para evitar os DTN.
A avaliação da vitalidade fetal esta indicada no diabete gestacional pela cardiotocografia computadorizada e o diagnóstico de polidramnia pelo ultra-som. O Doppler (exame para avaliação da placenta) só tem serventia nos casos com complicação vascular.

* Dra. Branca Campos Braune é Ginecologista e Obstetra

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O quê você deve saber na alta da Maternidade

Hoje, a medicina é capaz de detectar precocemente doenças de repercussões gravíssimas que, se tratadas, a tempo, podem evitar ou minimizar sequelas. São testes de fácil execução e que devem ser realizados no período neonatal, universalmente, isto é, em TODOS os recém-nascidos. Conheçam um pouquinho mais sobre estes testes e seus benefícios.
O teste do olhinho (teste do reflexo vermelho) deve ser realizado nas primeiras 48 horas de vida porque as doenças detectadas por este teste podem ameaçar não apenas a visão da criança para sempre, mas a vida. O método é baseado no mesmo fenômeno que se observa quando se fotografa alguma pessoa, e a pupila fica vermelha. Ao invés de se utilizar uma máquina fotográfica, se utiliza outro equipamento chamado oftalmoscópio direto. Este aparelho permite ao médico que realiza o exame observar um reflexo avermelhado na pupila. Quando isto ocorre, significa que o exame está normal. Ou seja, não existe nenhum obstáculo à luz que penetra no olho: os meios estão transparentes. Entretanto, na presença de doenças oculares como catarata, opacidades da córnea, retinoblastoma entre outras, este reflexo estará diminuído ou abolido.
É um teste indolor, o médico examinador observa cada olho, individualmente, com o auxílio do oftalmoscópio, sem qualquer contato com os olhos da criança.
Entre as anormalidades do fundo de olho, a de maior preocupação é o retinoblastoma, que é o tumor maligno mais frequente em criança. É um tumor muito agressivo e que, se não tratado precocemente, pode ser fatal.
A catarata, embora não ameace a vida da criança, compromete seriamente a visão se não tratada precocemente. Sabemos hoje, que o grande desenvolvimento visual ocorre nos quatro primeiros meses de vida, e que se a catarata não for tratada muito precocemente, determina baixa de visão para toda a vida.
Se detectada alguma anormalidade, no prazo de 30 dias o recém-nascido deve ser encaminhado para atendimento em um serviço de oftalmologia para tratamento específico.
O teste da orelhinha (emissão otoacústica) deve ser realizado até os três meses de vida para detecção da perda auditiva a fim de que o atendimento apropriado aconteça antes dos seis meses. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a testagem até imediatamente antes da alta hospitalar da maternidade porque a presença de vernix (“cera do parto”) e secreções do parto no canal auditivo podem gerar falsos positivos. Nos casos alterados, deve-se repetir em três meses.
O teste é de fácil aplicação, não há necessidade de colaboração nem sedação da criança, é um teste objetivo e rápido, realizado durante o sono após a mamada. As emissões otoacústicas são registros da energia sonora gerada pelas células da cóclea (uma espécie de decodificador do ouvido), em resposta a sons emitidos no conduto auditivo externo do recém-nascido. A incidência de perda auditiva na população infantil varia de 1 a 6 para cada 1000 nascidos vivos. A perda auditiva tem implicações diretas no desenvolvimento da linguagem, na escolaridade, no relacionamento social e no status emocional. Quanto mais precoce detectada a perda auditiva, melhor é o resultado do tratamento. As crianças atendidas precocemente, têm melhor desenvolvimento do que as que recebem cuidados tardiamente (dois a três anos), em relação à fala, linguagem, ganho escolar, autoestima e adaptação psicossocial. No passado muitos casos de surdez não diagnosticados precocemente eram erroneamente considerados como doenças mentais.
O teste do pezinho deve ser realizado nos primeiros dias após a alta da maternidade, mas pode ser realizado até 30 dias de vida. É o rastreamento neonatal de patologias, em sua maioria, endócrinas e do metabolismo que se detectadas precocemente podem ser tratadas evitando-se as sequelas e melhorando a qualidade de vida do indivíduo.  É realizado utilizando-se gotinhas de sangue colhidas em papel filtro especial.
O teste do pezinho disponível no SUS realiza o PKU, o TSH e a cromatografia de aminoácidos.
O PKU faz a pesquisa de  fenilcetonúria. É uma doença genética decorrente da deficiência da enzima fenilalanina hidroxilase. Em consequência a fenilalanina acumula-se no sangue do recém-nascido, com efeitos tóxicos ao sistema nervoso central, podendo causar até deficiência mental severa.
A dosagem do TSH Neonatal realiza a pesquisa de hipotireoidismo congênito. É uma doença com frequência muito elevada (cerca de 1:4500 nascimentos), que envolve a deficiência parcial ou total dos hormônios da Tireóide. Com determinação conjunta de T4 e TSH, podem-se detectar todos os tipos de hipotireoidismo congênito. O tratamento precoce desta patologia previne a deficiência mental.
A cromatografia de aminoácidos detecta erros inatos do metabolismo de aminoácidos que ocorre em doenças como a fenilcetonúria e outras aminoacidopatias, tais como: homocistinúria, tirosemia, doença do xarope do bordo, entre outras.
O rastreamento do teste do pezinho realizado por laboratórios da rede privada detecta uma gama de patologias. São os testes ampliado, plus ou master de acordo com o número de patologias pesquisadas. O mais completo deles pesquisa, além das três patologias acima realizadas pelo SUS, a toxoplasmose congênita, deficiência de biotinidase, hiperplasia congênita de supra-renal, hemoglobinopatias, fibrose cística, galactosemia, deficiência da Glicose-6-fosfato dehidrogenase (G6PD), infecção congênita pelo HIV, deficiência da Acil-Coa Desidrogenase de Cadeia Média (MCAD), Sífilis, Doença de Chagas, Citomegalovirose e Rubéola.
Toda criança que recebe alta da maternidade deve, de preferência, já ter realizado o teste do olhinho e o teste da orelhinha e estar com o pedido para realização do teste do pezinho.  
Além das triagens neonatais o recém-nascido deve ser vacinado contra hepatite B ao nascimento e, na alta, sua mãe deve ter em mãos o pedido para realização da vacina BCG contra a tuberculose. As demais vacinas do calendário são orientadas durante as consultas de acompanhamento do desenvolvimento.
Então, sigam atentamente as orientações do seu pediatra, realizem as triagens neonatais, pequenas ações previnem grandes transtornos na vida de seus filhos.

* Dra. Adriana Braga é Pediatra


Sopro é Doença?

O sopro é um ruído que é percebido durante o processo de ausculta cardíaca. A ausculta cardíaca é um procedimento efetuado durante a consulta médica via utilização do aparelho chamada estetoscópio.
Comumente pode-se pensar que o sopro é percebido apenas na ausculta do coração, porém percebe-se o sopro também na ausculta de outros órgãos e vasos sanguíneos. Vale observar que o som de um sopro é semelhante àquele produzido quando exalamos ar pela boca ao soprar uma vela.
A existência do sopro nem sempre traduz presença de doenças cardíacas ou vasculares. O sopro em si não produz sintomas. O paciente poderá se assintomático ou apresentar sintomas do tipo: cansaço fácil, inchaço, cianose (cor arroxeada da pele e mucosas), febre, taquicardia e outras modificações do ritmo cardíaco, falta de ar e outros.
Existem sopros ocasionados apenas pela alteração da velocidade da circulação sanguínea como no caso das anemias e taquicardias de várias origens.
Nota-se sopro em crianças e adultos jovens sem qualquer evidência de doença. Trata-se do chamado SOPRO INOCENTE, muito comum de ser detectado nos primeiros exames clínicos dos bebês, nos consultórios pediátricos.
Os sopros, em geral, são produzidos pelas vibrações das estruturas cardíacas e vasculares como válvulas, paredes musculares e tendões ou são produzidos quando ocorre modificação da velocidade sanguínea laminar para uma velocidade turbulenta, como aquela que ocorre quando pisamos numa mangueira com água. Podemos perceber a modificação da velocidade da água que escoa pela mangueira sob nossos pés.
Para se definir, com precisão, se um sopro auscultado trata-se de uma anormalidade, o paciente deverá ser avaliado por um médico especializado que vai analisá-lo detalhadamente durante o exame clínico e se necessário também lançará mão de exames complementares, como o ecocardiograma, o Doppler, o raio x de tórax e o eletrocardiograma.
O médico especializado analisará a intensidade do sopro, as características sonoras agudas ou graves e se o sopro produz frêmito (sensação tátil do sopro) e outros detalhes próprios de cada caso.
Quanto às doenças que podem provocar sopros poderemos citar: as anomalias das válvulas cardíacas, porvocadas por problemas congênitos e ou por problemas infecciosos, como a febre reumática e as infecções em geral; os defeitos congênitos de fechamento das cavidades cardíacas, como as comunicações inter-arteriais e intervetriculares; e a “persistência” do canal arterial do recém nato. Alguns sopros são produzidos por estenoses (estreitamentos nos vasos sanguíneos), principalmente nas artérias, o que pode acontecer tanto em vasos mais calibrosos (como as artérias aorta e pulmonar), quanto em vasos mais finos e menos inportantes.
Em qualquer caso não se deve menosprezar a existência de sopros no exame clínico de qualquer paciente, devendo os mesmos serem pesquisados e analisados por profissional capacitado, que neste caso, esabelecerá ao paciente e seus familiares, para que fique claro o procedimento que deverá ser seguido conforme o caso.
Se o diagnóstico do médico confirmar a existência de doença ela deve ser tratada. Caso não exista doença, o sopro não deve ser motivo de grandes preocupações, não justificando atitudes de superproteção e proibições sem sentido por parte dos familiares que lidam com crianças portadoras de sopro.
Portanto TER SOPRO nem sempre significa TER DOENÇA, mas em todos os casos voltamos a enfatizar, é necessário avaliação de um profissional capacitado.


* Dra. Rosana Vilela Wagner Peixoto é Cardiologista



sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Linhaça faz bem para a saúde?

A linhaça é um produto muito procurado entre os consumidores preocupados com o seu bem estar nos últimos tempos. Ela é conhecida com sendo um alimento funcional, mas o que significa isto?
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), alimento funcional é aquele que tem propriedade funcional, ou seja, um papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções do organismo.
O alimento funcional contém carboidratos, proteínas, gorduras e fibras, e esses elementos podem diminuir o risco de algumas doenças com o seu uso contínuo e correto. Assim fortalece a defesa orgânica e reduz o risco de envelhecimento celular.
A linhaça tem em sua composição fortes ácidos graxos que são importantes elementos funcionais como o ômega 3 e o ômega 6. Outro elemento da linhaça é a presença grande fibras solúveis, que são dita fibras “macias” e depois de ingeridas se transformam em gel, ficando assim um maior tempo dentro do estômago e dando uma sensação de plenitude gástrica, uma maior saciedade. Com isso a linhaça ajuda também no processo de emagrecimento e relacionado a isso a diminuição do índice de gordura no sangue, ajudando a abaixar o colesterol.
Todas as fibras são de grande importância na alimentação, a linhaça não poderia ser diferente. Ela atua no processo de rejuvenescimento, no combate a anemia, auxilia no combate ao câncer de mama, próstata, cólon e pulmão por apresentar 100x mais lignina que os melhores grãos integrais.. Também auxilia no combate a acne, uma vez que acelera a mobilidade intestinal ajudando na prisão de ventre.
Esse grande alimento exerce um poder de grande importância para as mulheres: equilíbrio hormonal amenizando distúrbios causados pela TPM e menopausa Outro benefício: combate d a Diabetes, aumenta a vitalidade física, auxilia nas doenças inflamatórias, na retenção de líquidos e no sistema imunológico.
A semente de linhaça moída, como demonstram alguns estudos, trás mais benefícios nutricionais que a semente inteira, que possui uma casca muito dura dificultando a ingestão. Ela pode ser armazenada sob refrigeração e consumida em iogurtes, saladas, sucos, vitaminas, misturadas a cereais e massas em geral.
A recomendação é mínimo de 2 colheres de sopa por dia. É conhecida por dois tipos: a dourada e a marrom. A diferença é que a dourada possui ômega 3,6 e 9; enquanto a marrom somente o ômega 3. Indica-se mais a linhaça dourada por ser mais completa e por ser cultivada de forma orgânica certificada, não possui agrotóxico, sendo assim mais cara.

* Renata M. David Braga é Nutricionista

Automedicação e suas consequências

As pessoas não estão habituadas a consultar o farmacêutico quanto uso e ao acondicionamento correto dos medicamentos. Elas ainda não têm consciência da importância da atuação do farmacêutico nas farmácias.
Uma das principais funções do farmacêutico é explicar para o paciente tudo sobre seu medicamento. Cabe a ele informar como o medicamento deve ser usado, a necessidade de retorno ao médico, a importância de seguir rigorosamente todas as instruções, de observar o prazo de validade e a conservação dos medicamentos. A ele também compete informar sobre possíveis efeitos colaterais, verificar a possibilidade de interações medicamentosas, riscos do uso de medicamentos sem orientação médica, orientar na compra do medicamento, explicar sobre a restrição do uso de medicamentos por gestantes, lactantes, idosos e crianças. Enfim, a importância do farmacêutico reside no fato de ele ser a diferença entre a cura pelo uso correto de um medicamento ou a intoxicação causada pelo mau uso.
Confira alguns exemplos de medicamentos frequentemente consumidos sem indicação e os conseqüentes riscos á saúde.
Aspirina - Reconhecida como droga que previne o infarto, só pode ser consumida com indicação médica, mesmo no controle de outras doenças, porque tem efeitos colaterais importantes, podendo provocar problemas de estômago e hemorragias. Pode ser fatal se usada para combater a dengue.
Antiácido - Muito usado para combater dor de estômago, que pode ser sintoma de úlcera, tumor, pancreatite e até de infarto do miocárdio. O uso inadequado pode retardar o diagnóstico, comprometer o tratamento e expor ao risco de morte.
Antibiótico - Droga usada para tratar várias infecções, como as respiratórias, gripes e abscessos. Mesmo que a pessoa acerte na escolha, ao comprar sem indicação médica, pode errar no tipo e na dosagem, levando ao tratamento errado. Além disso, o indivíduo pode desenvolver resistência à droga e quando for realmente necessária, não terá efeito.
Casamento de remédios - Algumas pessoas, ao acharem que estão com gripe, por exemplo, ingerem xarope para a tosse, que piora a secreção pulmonar, descongestionante nasal, que nos casos de sinusite e pneumonia piora o quadro, e injeções à base de eucalipto, absolutamente inúteis. Além disso, tudo junto pode provocar reações alérgicas e até choque anafilático.
Colírio - Sem indicação médica, a única coisa que se pode passar nos olhos é água limpa. Os colírios têm princípios ativos variados, como corticóides e antibióticos, podem mascarar ou exacerbar doenças e se a pessoa tiver problemas prévios, como glaucoma, pode agravá-los.
Cremes e pomadas - Muitas pessoas cometem o erro de achar que existem cremes e pomadas que tratam tudo, o que está errado porque cada um tem uma indicação adequada. O uso indiscriminado pode mascarar doenças, como câncer de pele, pode provocar dermatite de contato, ou pode não ter efeito.
Laxante - Quando consumido indiscriminadamente pode levar a alterações intestinais. Se a pessoa estiver constipada (intestino preso), complica o quadro e pode levar à perfuração do intestino. Nos idosos, pode provocar desidratação e alterações metabólicas, colocando a vida em risco. Pessoas com tumor intestinal, em geral não diagnosticado, podem agravar a doença.
Remédios naturais - Todos os medicamentos, sem exceção, têm efeitos colaterais e podem provocar riscos à saúde.
Suplementos alimentares - Podem ter efeitos tóxicos, ou não fazer nada. Estudos em andamento relacionam os suplementos com o desenvolvimento de arritmias cardíacas e com morte súbita.
Vitaminas - Só devem ser tomadas quando há uma real necessidade até porque algumas, dependendo da dose, podem provocar doenças. A vitamina C, por exemplo, provoca distúrbios gastrointestinais e cálculo renal. A vitamina A, quando consumida por crianças, pode provocar hipertensão craniana.
Xarope - A tosse pode ter várias causas, como infecção viral ou bacteriana, alergia, refluxo da hérnia de hiato e câncer das vias respiratórias. O xarope pode mascarar o sintoma, permitindo que a doença evolua sem controle, pode piorar o problema ou não ter efeito algum.

* Juciana B. de Queiros Batalha e Renata Dias Estanislau são farmacêuticas

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Por que algumas crianças demoram para falar?

Alguns fatores influenciam na demora das crianças a começarem a falar. A audição íntegra e a adequada estimulação da família e das pessoas com quem vive são fatores determinantes neste processo de desenvolvimento da fala e da linguagem.
A linguagem começa a ser aprendida desde o nascimento. O bebê é capaz de diferenciar sons da fala nos primeiros meses de vida, mas a produção dos sons acontece depois. Quando a criança é bem estimulada no meio em que vive, ela recebe a base para o desenvolvimento da linguagem, que logo estará exprimindo através da fala.
Conversar com a criança desde pequena, cantar, contar histórias para ela, brincar recriando o ambiente e as situações vivenciadas por ela no dia-a-dia, são formas de estimular este desenvolvimento. Para que comece a ocorrer um processo de comunicação a criança deve se sentir motivada para isso. É o que se chama intenção comunicativa, quando ela descobre que através da fala conseguirá satisfazer seus interesses.
Os pais devem observar e ouvir tudo o que a criança tem para falar, dando oportunidade para que ela tome a iniciativa de manifestar seus desejos, interesses ou necessidades; devem usar frases de fácil compreensão para a criança, além de nomear os objetos e as ações realizadas com ela. Devem também proporcionar o convívio com outros grupos, como escola, praças e parques, clubes, etc., para complementar e expandir as experiências que a criança tem no ambiente doméstico.
É muito importante realizar uma avaliação auditiva na criança para verificar se ela está recebendo o estímulo auditivo sem o qual não desenvolverá a fala. A criança com perda auditiva pode apresentar graus variados de comprometimento da linguagem e da fala. A idade da criança e a época em que a perda auditiva foi iniciada são fatores especialmente importantes no seu desenvolvimento.
É pela importância da detecção precoce da deficiência auditiva que se realiza a Triagem Auditiva Neonatal através do Exame de Emissão Otoacústica, conhecido como Teste da orelhinha. Um exame de fácil realização e de enorme importância, já que bebês cujo diagnóstico de deficiência auditiva é feito ao nascimento e iniciam o tratamento, indicado individualmente, até os seis meses de idade, apresentam desenvolvimento muito próximo do normal.
Os pais podem procurar a orientação de um fonoaudiólogo para tirar suas dúvidas quanto ao desenvolvimento de fala de seu filho e como proceder em cada caso específico.


* Luciana Cardoso é Fonoaudióloga

O que é Fibromialgia ??

É uma forma frequente de dores músculo esqueléticas generalizadas, acompanhada de insônia, alteração do humor cansaço e fadiga. No Brasil e no mundo, a FIBROMIALGIA é conhecida desde 1.904, portanto não se trata de uma nova doença. Afeta mais as mulheres, numa proporção de 10 para 1 homem. O nome FIBROMIALGIA, significa dores nos músculos e partes moles (tendões ligamentos etc.). A Dor é o principal sintoma e tem como característica ser intensa, crônica de longa duração e muitas vezes desencadeada por fatores que geram stress, como aborrecimentos , contrariedades e perdas de um modo geral.
O paciente Fibromialgico, costumamos dizer que possui um perfil Bio-psico-social, que lhe confere certas características, ou seja, são pessoas que possuem dificuldade em relaxar, muito perfeccionistas, exigentes e detalhistas. Não se trata de uma doença inflamatória, e como não existe até hoje nenhum exame complementar que confirme seu diagnóstico, é necessário que o médico que se propõe a tratá-la, seja adequadamente treinado e tenha suficiente paciência e sabedoria para não deixar o doente inseguro e tomando medicamentos em demasia.
É comum, nos casos mais complicados onde pode prevalecer alterações como, tristeza profunda , depressão, falta de paciência, raiva e vontade de chorar, isto é quando prevalece os sintomas emocionais, chamarmos um psicólogo(a) para nos ajudar. Existe uma série de terapias que funcionam muito bem, e faz com que o paciente recupere sua vontade de viver e sua qualidade de vida. Entre esses medicamentos existem a ciclobenzaprina, antidepressivos, analgésicos e as chamadas terapia Cognitivo-Comportamental, feita pela Psicologia. Métodos de exercícios como Pilates, Yoga, Meditação, taichi-Chuan, acunpuntura, são úteis e podem complementar bem a terapêutica central.
Muitas pessoas com Fibromialgia experimentam um distúrbio de sono em que elas não acordam aliviadas, mas sentindo-se cansadas. Embora você possa ficar acordado, sem grandes dificuldades o estágio profundo do sono pode estar interrompido. Você pode dormir superficialmente e acordar durante a noite. Outro distúrbio do sono, incluindo a apnéia, mioclonia (tremores musculares) e a síndrome da perna cansada ou inquieta, são também muitos comuns.
Pelo fato dos sintomas da Fibromialgia serem generalizados, inespecíficos e semelhantes aos de outras doenças, muitas pessoas se submetem a avaliações complicadas com realizações de repetidos e caríssimos exames que nadam informam. Pessoas com Fibromialgia que externamente não se apresentam doentes, e cujos exames realizados são normais, costumam ser olhadas como não tendo um problema verdadeiro. A família e os amigos podem duvidar da veracidade de suas queixas, aumentando o isolamento e gerando sentimento de culpa e irritabilidade nesses pacientes.
Procure seu Reumatologista ou clínico de confiança e conheça melhor a Fibromialgia, que é uma causa real de dor e fadiga crônicas que precisam ser tratadas do mesmo modo que outras doenças de evolução crônica que afetam a qualidade vida. É importante saber que com o tempo e com um tratamento adequado, a grande maioria dos pacientes ficam bem e recuperam sua alegria e vontade de viver.


* Dr. Ricardo Name é Reumatologista 

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Quelóide – Existe maneira de evitá-los?

Nem toda cicatriz feia é quelóide. O verdadeiro quelóide é uma cicatriz grossa, em alto relevo, endurecida, avermelhada e que frequentemente apresenta coceira ou dor. Costuma surgir a partir de 14 a 21 dias da lesão (trauma ou cirurgia), inicia como uma cicatriz avermelhada que se torna cada vez mais elevada, com coceira intensa, e que aos poucos vai se estendendo além dos limites iniciais da cicatriz.
Essa última é a característica mais marcante do quelóide, ultrapassar o limite da cicatriz original. Tem maior prevalência em negros e asiáticos e afeta preferencialmente áreas de pele espessa e tensa, como os ombros, as costas, a área entre as mamas. Apesar de não se enquadrar nestas características, a orelha também é área freqüentemente acometida. O quelóide não costuma apresentar involução com o tempo, ficando sempre com o volume exacerbado e inestético.
Muito parecida e frequentemente confundida com o quelóide é a cicatriz hipertrófica. Também em alto relevo, avermelhada, apresentando coceira, de início nas primeiras semanas de cicatrização, este tipo de cicatriz fica delimitada à cicatriz original, não se estendendo além dela. Menos intensa que o quelóide, tem evolução favorável, com o tempo (meses) vai clareando e aplainando, acabando como uma cicatriz plana, muitas vezes alargada. Acomete todo tipo de raça, e tem predominância em áreas onde a pele está tensa.

Tratamento

Os quelóides não tem um tratamento único e a maioria dos tratamentos não dá resultados satisfatórios completamente. Dois ou mais tratamentos podem ser combinados para aumentar a eficácia. Se a pessoa decide procurar tratamento para uma cicatriz de quelóide, ela terá os melhores resultados se começar o tratamento tão logo o quelóide apareça.
Os principais tratamentos disponíveis incluem:

• Remoção através de cirurgia convencional — Pode-se utilizar duas técnicas básicas. Na primeira, o quelóide é retirado na íntegra e o tecido é aproximado, mas requer grande cuidado, com resultados variáveis, sob o risco dos quelóides se devolverem novamente após terem sido retirados, podendo ser maiores que o original. Os quelóides se desenvolvem em mais de 45 por cento das pessoas quando são retirados por cirurgia. Na segunda opção, são feitas incisões intralesionais (dentro do quelóide) preservando-se suas bordas. Esta técnica tem resultados melhores que a primeira. Os quelóides são menos prováveis de se desenvolver se a remoção cirúrgica é combinada com outros tratamentos.
• Injeções de corticóide intralesional — O uso de corticóide é indicado logo no início em que o quelóide está se manifestando na cicatriz, quando está aparecendo um relevo maior. O medicamento é injetado diretamente na lesão. As injeções são feitas com Triamcinolona ou outro medicamento a base de corticosteróide e são habitualmente repetidas com intervalos de quatro a seis semanas. A manipulação do corticóide tem que ser muito cuidadosa para não atingir as adjacências da cicatriz, pois se isso ocorrer, pode atrofiar o tecido bom também. Este tratamento pode reduzir o tamanho do quelóide e a irritação, mas as injeções têm lá seu incômodo.
• Criocirurgia — Este tratamento feito com nitrogênio líquido. Mais de um ciclo de tratamento pode ser necessário dependendo das dimensões da lesão, a cada 20 ou 30 dias. Pode causar um efeito colateral de clarear a cor da pele que limita sua utilização.
• Beta-terapia — Para quem já tem o quelóide formado, o melhor é retirá-lo com cirurgia em seguida fazer a Beta-terapia. Desta forma, a imensa maioria dos casos tem bons resultados.
• Medicamentos Recentes – Atualmente, alguns medicamentos antes utilizados no tratamento de doenças auto-imunes vêem sendo usados para tratar os quelóides, em associação com outras formas de tratamento como a crioterapia e a cirurgia. Medicamentos como o Interferon, o 5-fluouracil e a Bleomicina, aplicados na lesão, têm futuro promissor. Mancolt & cols foram os autores de um trabalho que propiciou o uso do Tamixofeno no quelóide. No estudo, que foi apoiado pela "Plastic Surgery Education Foundation", se descobriu que a substância tem efeito letal aos fibroblastos do quelóide. Os resultados mostraram que o citrato de tamoxifeno tem a capacidade de diminuir a proliferação dos fibroblastos produtores dos quelóides, diminuindo, assim, a produção do colágeno responsável pelo seu supercrescimento.

* Dr. Ozório Chaves é Cirurgião Plástico

Conjuntivite - Causas, sintomas, tratamentos e prevenção.

Conjuntivite, inflamação da conjuntiva (membrana que envolve o olho), é a causa mais comum de hiperemia (vermelhidão), e quase sempre envolve outras estruturas adjacentes (córnea e pálpebras).
A conjuntivite pode ser causada por vários fatores e se torna muito importante diferenciá-los, pois o tratamento varia de acordo com a causa. Os sintomas iniciais freqüentemente são idênticos e só um oftalmologista terá condições de diagnosticá-los e de iniciar um tratamento correto e direcionado a causa, seja ela bacteriana, viral, alérgica ou outras causas de inflamações. O que se vê muito é cada vez mais o uso indiscriminado pela população de colírios descongestionantes. Esse tipo de colírio provoca a constricção dos vasos conjuntivais dilatados em pacientes que apresentem olhos vermelhos, o que pode ser muito prejudicial em muitos distúrbios oculares, pois a aparência normal e saudável que eles provocam pode mascarar um distúrbio potencialmente perigoso que pode passar despercebido.
Os achados clínicos que devem ser considerados para o diagnóstico diferencial são: tipo da secreção, tipo da reação conjuntival, presença de membranas e pseudomembranas e presença ou ausência de linfadenopatia.


Conjuntivite Bacteriana


Conjuntivite Bacteriana – Presença de hiperemia e
secreção muco purulenta no saco conjuntival.
 Embora os germes estejam presentes mesmo na conjuntiva saudável, normalmente as infecções podem ser prevenidas pelo efeito antibacteriano do filme lacrimal (lágrima). Somente quando há um desequilíbrio dos mecanismos de defesa imunológicos é que a infecção ocorre.

A conjuntivite bacteriana simples é uma doença muito comum e usualmente autolimitada.

A apresentação se dá com início agudo de olho vermelho, ardência e lacrimejamento. A fotofobia (intolerância a luz) pode estar presente se há associação de acometimento da córnea. O mesmo acontece com a visão, que geralmente está preservada. Ao acordar os cílios estão grudados, há dificuldade em abri-los como resultado do acúmulo de secreção durante a noite. Também pode aparecer dor dentro ou em volta do olho e inchaço das pálpebras.

Mesmo sem tratamento a conjuntivite simples se cura espontaneamente em 10 a 14 dias. Testes de laboratório não precisam ser feitos de rotina. Há indicação em caso de conjuntivite purulenta grave, com o objetivo de identificar os patógenos e decidir a terapia antimicrobiana mais adequada.
O tratamento inicial se dá com limpeza das secreções com soro fisiológico e uso de antibióticos de largo espectro, colírio durante o dia e pomada à noite.



Conjuntivite Viral


Conjuntivite Viral – Presença de hiperemia e
hemorragia subconjuntival.
 A apresentação se dá como um quadro agudo de olho vermelho, lacrimejamento, desconforto e fotofobia. Em 60% dos casos é bilateral. Também pode aparecer inchaço das pálpebras e adenopatia pré auricular. Em casos severos, hemorragia subconjuntival, quemoses (inchaço da conjuntiva) e pseudomembranas.

O espectro da doença pode variar de médio a quase inaparente. Pode estar associados ou não a infecção do trato respiratório superior (gripes e resfriados). Como a propagação se dá através do contato manual é importante lavar as mãos após contato com olho vermelho suspeito.

O tratamento é realizado com prescrição de colírios para alívio dos sintomas. Reservar os corticóides para os casos onde a inflamação é muito grave. Em caso de aparecimento de pseudomembranas estas devem ser retiradas.



Conjuntivite Alérgica


Conjuntivite Alérgica – Inchaço das pálpebras e hiperemia e presença de quemose
Um número cada vez maior de pessoas sofre de alergias. Atualmente, elas afetam 15% da população. A conjuntiva é um dos tecidos mais freqüentemente envolvidos em uma reação alérgica.
Uma das formas mais freqüentes de distúrbios conjuntivais alérgicos incluem a conjuntivite alérgica sazonal (febre do feno), cujo gatilho são antígenos em partículas em suspensão tais como esporos, pólen, grama, sementes, cabelos, lã e pena.

Outra forma é a conjuntivite alérgica aguda, que é uma reação urticariforme causada por uma grande quantidade de alérgeno no saco conjuntival. Afeta geralmente crianças depois de brincar na grama ou com animais e também esta relacionada à poeira doméstica (ácaro). E também, cada vez mais, reações alérgicas a medicamentos e cosméticos. Depósitos de resíduos em lentes de contato também podem desencadear reações alérgicas.

Os sintomas incluem coceira, sensação de corpo estranho, lacrimejamento, olho vermelho e fotofobia.
O tratamento é feito com colírios antialérgicos. O uso de corticóides por tempo prolongado deve ser evitado devido à alta taxa de complicações.




Conjuntivite Neonatal


As conjuntivites neonatais são definidas como aquelas que ocorrem durante o primeiro mês de vida. As três principais causas são: chlamydia, gonococos e diversas.

A infecção por chlamydia é a causa mais comum de conjuntivite neonatal. A apresentação se dá entre 5 a 14 dias após o parto com uma conjuntivite mucopurulenta. O correto diagnóstico e tratamento são importantes, porque ocasionalmente uma infecção por chlamydia pode dar origem à cicatrização conjuntival e raramente opacidade corneana.

Entre as causas diversas estão incluídas: química (pode ser causada por nitrato de prata ou antibióticos utilizados como profilaxia antigonocócica), a bacteriana simples e por herpes simplex.


Outras Conjuntivites

Outras formas de conjuntivite incluem as auto-imune (penfigoide cicatricial e síndrome de Stevens-Johnson) e as químicas.

Diante de uma suspeita de conjuntivite procure um oftalmologista, ele saberá qual o melhor tratamento para o seu caso.

* Dra. Lenise Dutra é Oftalmologista