quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Como identificar a compulsão alimentar?

A compulsão alimentar tem sido descrita como a “ingestão, em um período limitado de tempo, de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria num período similar, sob circunstâncias similares, com sentimento de falta de controle sobre o consumo alimentar durante o episódio” (DSM-IV).
Sendo assim, para se caracterizar um episódio de compulsão, o comportamento impulsivo, incontrolável quanto ao comer deve estar presente, seguido por um sentimento de culpa e sofrimento.
Entretanto, este comportamento pode se dar de maneira eventual, por exemplo, quando o sujeito está passando por um período de dieta restritiva, o que não caracteriza uma patologia.
Há uma nova categoria proposta pelo DSM-IV, dentre os transtornos alimentares, denominada transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP). Para o diagnóstico do TCAP, é necessária a presença de:

a. Episódios recorrentes de compulsão alimentar;

b. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios:

1. comer muito e mais rapidamente do que o normal;
2. comer até sentir-se incomodamente repleto;
3. comer grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto;
4. comer sozinho por embaraço devido á quantidade de alimentos que consome;
5. sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente.

c. Acentuada angústia relativa à compulsão alimentar;

d. A compulsão alimentar ocorre, pelo menos, dois dias por semana, durante seis meses;

e. A compulsão alimentar não está associada a uso regular de comportamentos compensatórios inadequados (por exemplo, purgação, jejuns e exercícios excessivos), nem ocorre durante o curso de anorexia ou bulimia nervosa.

Episódios recorrentes de compulsão alimentar podem acarretar na pessoa sentimentos de baixa auto-estima e depressão, o que deve ser observado atentamente, visto que a depressão também pode levar a episódios de comer compulsivo, fazendo com que estes sentimentos e comportamentos se retro-alimentem.
Vale ressaltar que a compulsão, ou o TCAP, é diferente de “beliscar” pequenas quantidades de alimento durante o dia, visto que no caso do transtorno, a vida pessoal e social do sujeito pode ficar comprometida devido ao sofrimento gerado pelo comportamento impulsivo.
A utilização de medicamentos, especialmente os antidepressivos, e as abordagens psicológicas são os tratamentos mais utilizados, sendo que as intervenções combinadas têm se mostrado as mais eficazes. O principal objetivo do tratamento é estabelecer hábitos saudáveis de alimentação, focalizando os pensamentos distorcidos em relação ao corpo, e a melhora da auto-estima, bem como o tratamento conjunto da depressão quando presente.

* Gláucia da Silva Veigas de Macedo é Psicóloga

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