quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Andador: um atraso na vida dos bebês

O primeiro ano de vida da criança é cheio de conquistas, grande parte delas relacionadas aos movimentos. Existe uma enorme ansiedade da família em relação a estas aquisições do bebê, principalmente sobre o fato de conseguir se equilibrar na postura de pé e andar. Um comentário comum é : “Será que o bebê vai estar andando no aniversário de 1 ano?”
Parece que adquirindo a posição de pé e a capacidade de andar a criança amadurece como ser humano, esta espécie que se locomove sobre os dois pés.
Quem comanda os movimentos do corpo é o sistema nervoso central (cérebro, medula e outras regiões). Este sistema não nasce pronto. Ele começa a se desenvolver no útero, na gravidez, e só estará formado entre dois e três anos de idade; mesmo assim ainda deve amadurecer até chegar na idade adulta. Por outro lado, os movimentos adequados também estimulam a evolução do desenvolvimento cérebro.
O homem é o ser que possui o sistema nervoso mais complexo, mas até a idade de 12 a 18 meses, ele passa por fases nas quais se assemelha a outras espécies.
A criança vem ao mundo ainda sem conseguir sustentar sua própria cabeça. Só mais tarde vai se arrastar como os répteis, e depois engatinhar (andar de 4 apoios), como os quadrúpedes. Daí vai chegar à postura de pé. É uma seqüência necessária, a evolução de uma postura que permite alcançar a outra.
Com 3 meses o bebe começa a levantar o peito da cama quando está de bruços (deitado de barriga para baixo), o que demonstra que está usando os músculos que levantam o tronco. Por isso, mais tarde com 6 meses ele poderá sustentar o tronco na postura sentado quando colocado, mas não significa que já está preparado para manter-se por muito tempo assim . A partir dai os adultos querem que ele exiba a condição de ficar sentado, mas ele ainda é um animal rastejador e precisa experimentar essa fase.
Com a postura de pé acontece de forma semelhante. Se você colocar um bebe de 4 meses de pé, mesmo com apoio ele vai afrouxar as pernas e não vai manter a posição. Com cerca de 8 meses ele já deve ter exercitado bastante suas pernas em várias posições, então se você coloca-lo de pé ele demonstra força temporária nas pernas, e mantém a postura quando apoiado pelas mãos. Mas não está apto a se manter de pé por muito tempo ainda. Nesta época ele ganha um andador.......
Ora, este é o momento da criança reforçar suas pernas executando por si só a passagem do chão para de pé segurando nos móveis , ou seja evoluindo de quadrúpede para bípede, de forma lenta e independente.Senta, engatinha, ajoelha, levanta, cai de “bum-bum” no chão............ varias vezes por dia.....
Usar o andandor nesta fase limita estas experiências. Resolve em parte a angustia por movimento que a criança tem, e dá à família a falsa impressão de que ela esta livre de quedas. Vários trabalhos demonstram o alto índice de acidentes domésticos com crianças envolvendo o uso do andador. Não é raro as rodas se travarem em alguma irregularidade do piso e acontecer a queda.
A postura que a criança adota no andador não tem nada a ver com o que se espera para a marcha (andar). Geralmente o quadril fica torto e os pés se apoiam em ponta, então não serve como facilitador de movimentos para fortalecer a s pernas, como pensam algumas pessoas. Se há alguma dificuldade em aprender a andar , deve-se procurar um especialista para avaliar cada caso e fornecer as orientações apropriadas.
Tudo tem seu tempo e a natureza é sabia... É preciso proporcionar a ambiente adequado com colchonetes e moveis de um lado e de outro para a criança desenvolver a “escalada” do chão para de pé, e enfim ...andar!!!!

* Ana Clara da Cunha Vieira é Fisioterapeuta

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