quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Babá: Uma segunda mãe!

A criação e a educação dos filhos sempre foi tema de grande preocupação entre pais e professores. De uma forma geral, diz-se que cabe aos pais a tarefa de educação moral e da transmissão de valores sociais. À escola, caberia a função de educação formal.
Contudo, frente às grandes transformações pelas quais nossa sociedade passou nas últimas décadas, estes papéis precisaram ser revistos e reformulados. Com a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho, cada vez mais as responsabilidades têm sido compartilhadas entre os envolvidos – família e escola.
Mas precisamos ressaltar um fato interessante: nem todos os pais e mães desejam colocar seus filhos ainda pequenos em uma creche para poderem voltar às suas atividades após o período de licença maternidade. Surge, então, uma alternativa, um novo agente neste processo: a babá.
A babá assume um papel de vital importância neste contexto: este profissional se responsabiliza pelos cuidados básicos em relação à criança – alimentação, higiene, lazer, descanso - mas não é nem o pai, nem a mãe dela (ou seja, sua responsabilidade não é a mesma. Ou pelo menos não deveria ser!).
Na realidade, a babá, muitas vezes, passa mais tempo com a criança do que os próprios pais. Ela se torna uma importante referência de conduta da criança em desenvolvimento. Sendo assim, torna-se necessário que algumas questões sejam muito bem observadas pelos responsáveis para que não haja riscos e problemas nesta relação tão íntima entre criança-babá-família.
Primeiramente, uma idéia NUNCA pode ser esquecida: a babá não é a mãe daquela criança. Ou seja, os pais como figura de autoridade devem exercer este papel eficientemente. São os pais que ditam as “regras do jogo”, o que pode e o que não pode, como e quando as coisas devem ser realizadas. É claro que o mínimo de autonomia deve ser permitida para que a babá possa agir de maneira mais natural, até mesmo porque bebês e crianças não são robôs pré-programados!
Segunda idéia a ser lembrada: o que importa é a qualidade do tempo que os pais disponibilizam para seus filhos. Aproveitar ao máximo o pouco tempo para brincar, estudar, demonstrar interesse pelos assuntos e preocupações da criança. Quando os pais não fazem isso, a babá se torna ainda mais a referência sobre como agir, e isso, em doses elevadas, pode escapar ao controle dos responsáveis.
Além disso, tanto a babá quanto os pais devem saber que existem duas palavrinhas que norteiam nossas atitudes em relação às pessoas ao nosso redor: afinidade e empatia. Ou seja, se a criança manifesta grande apego em relação à babá, sente falta e chama por ela nos finais de semana, isso não é motivo para ciúmes. Muito pelo contrário: que bom, a criança criou um vínculo de confiança com aquela pessoa que passa horas por dia com ela!!! As vezes, acontece da criança chamar a babá de mãe... Aí dá aquele nó na garganta da mãe, que sente como se estivesse perdendo seu lugar... O importante é mostrar à criança, com todo o carinho do mundo, que a mãe de verdade é você, mas ressaltando que a babá pode ser uma segunda mãe, que ajuda a primeira quando ela não pode estar presente. De maneira alguma repreender o filho por demonstrar tanta consideração com a babá – ele também é grato a ela pelo carinho!
Um outro aspecto que é importante abordar quando se fala de babá é o cuidado com a escolha deste profissional. A babá entra na casa da família e cuida do bem mais precioso – o filho. Sendo assim, nunca é demais: buscar referências antes da contratação; conversar bastante com a candidata sobre assuntos variados, para tentar identificar um pouco sua maneira de pensar; investigar inclusive suas habilidades domésticas (para que não coloque toda a família e a casa em risco de acidente!) - algumas profissionais fizeram cursos de babás, o que pode ajudar bastante na escolha. Sempre que possível, deixar alguém em casa (avó, tia, vizinha) para observar como anda a rotina quando os responsáveis estão fora. Até mesmo fazer uma “visitinha surpresa” é interessante para se certificar se tudo vai bem.
Acima de tudo, pais e babá (e a escola também) devem procurar falar a mesma linguagem para que estas referências sejam consistentes entre si, permitindo à criança o contato com uma base sólida para seu desenvolvimento saudável.
Todos os envolvidos devem trabalhar em equipe, para que os resultados sejam positivos: uma criança alegre, espontânea, educada e saudável, que se tornará um adulto cidadão do mundo, auto-confiante e responsável. Isso é um compromisso de todos!

* Gláucia S. Veigas de Macedo é Psicóloga

Nenhum comentário:

Postar um comentário