Doença que causa dor e infertilidade
A endometriose é uma doença caracterizada pelo crescimento do endométrio fora do útero. O endométrio é um tecido normalmente encontrado apenas no revestimento uterino interno. Na endometriose, pequenos fragmentos de tecido endometrial podem refluir para o interior do corpo a partir do útero atingindo o interior da cavidade abdominal, aderindo aos ovários, aos ligamentos que sustentam o útero, ao intestino, aos ureteres, à bexiga, à vagina, fora do útero e raramente é encontrado nos pulmões. Este tecido responde aos mesmos hormônios que mensalmente estimulam o útero, mesmo fora de sua localização normal, podendo sangrar durante a menstruação, causando freqüentemente cólicas, dor, irritação e a formação de tecido cicatricial.
Esta doença pode ocorrer em famílias e é mais comum em parentes de primeiro grau (mãe, irmã, filha). O primeiro parto após os 30 anos de idade, a ascendência caucasiana e possuir um útero anormal, podem aumentar o risco do desenvolvimento da endometriose.
A endometriose afete uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva. Para cada cinco mulheres com dificuldade para engravidar, duas têm endometriose. Caso a mãe ou irmãs sofram de endometriose, é sete vezes maior a chance de aparecimento deste problema. Infelizmente, muitas mulheres não procuram ajuda, acreditando que seus sintomas sejam normais. Outras têm a doença mais não apresentam sintomas.
Os principais sintomas da endometriose estão relacionados com a dor. Menstruações com cólicas cada vez mais intensas, muitas vezes fazendo com que a mulher seja obrigada a procurar um pronto atendimento para receber medicações na veia, é quadro comum da doença. Dor durante as relações sexuais aparece também como uma das principais queixas, se transformando em um grave problema na vida dos casais. Em casos mais adiantados a dor pode ter um caráter constante, não estando relacionada com o ciclo menstrual. Nesta faze as medicações usuais não mais fazem efeito e um quadro de depressão poder surgir como consequência da piora significativa da qualidade de vida.
A endometriose é frequentemente encontrada em mulheres com dificuldade de engravidar. A presença da endometriose não significa que a mulher seja infértil. Mesmo na presença de pequena quantidade de endometriose, e quando aparentemente os outros órgãos estão normais, parece haver problemas no processo de gravidez. Nos casos mais graves, a liberação dos ovários pode ser comprometida ou as trompas podem ficar bloqueadas. Ter endometriose não significa que não pode haver gravidez. Na realidade, em alguns casos, a gravidez pode aliviar os sintomas da doença.
Existem duas maneiras de tratar a endometriose, através de medicamentos e por meio de cirurgia, usadas em conjunto em determinados casos. Na escolha do tratamento deve-se levar em consideração seus problemas e o que se espera obter com o tratamento. Os objetivos do tratamento da endometriose são melhorar a qualidade de vida por meio do alívio dos sintomas e melhorar sua fertilidade, caso deseje ter um filho. Os medicamentos usados no tratamento da endometriose visam, em geral, bloquear os hormônios que coordenam o ciclo menstrual, interrompendo o estímulo que faz com que a endometriose cresça a cada mês. Isso pode proporcionar alívio duradouro dos sintomas. Esses medicamentos atuam por várias vias e embora tragam, em geral, bons resultados e sejam bem tolerados, podem causar efeitos colaterais em algumas mulheres.
Outra opção de tratamento da endometriose consiste na sua remoção cirúrgica. Esse procedimento pode envolver somente a remoção dos focos de endometriose ou a remoção de algum dos órgãos pélvicos, dependendo da gravidade da doença. Algumas vezes, a cirurgia pode ser empregada na solução de complicações ocasionadas pela endometriose, como aderências ou cistos ovarianos. Existem, atualmente, algumas novas opções de tratamento para endometriose, como, por exemplo, o tratamento com laser.
O tratamento da endometriose dependerá de vários fatores, podendo envolver remédios e/ou procedimentos cirúrgicos. Os casos devem ser individualizados, levando em consideração o desejo de engravidar e as limitações do tratamento. O importante é fazer o diagnóstico o mais precoce possível para que os transtornos da doença sejam minimizados e o tratamento mais rápido e efetivo.
* Dr. Felipe Canavez é Ginecologista/Obstetra
Nenhum comentário:
Postar um comentário