Ele é considerado o terceiro pior problema que pode acometer o ser humano, atrás apenas da dor e tontura intensas e intratáveis. Todas as demais doenças, como câncer, paralisias, cegueira e surdez aparecem posteriormente na lista. Assim, o zumbido torna-se muitas vezes problema debilitante, impedindo a vida normal e, em alguns casos, podendo até precipitar o suicídio.
Na maioria dos casos, o zumbido é uma percepção auditiva “fantasma”, percebida exclusivamente pelo paciente. Essa característica subjetiva limita as condições de investigação de sua fisiopatologia. Outros fatores limitantes são:
a) Incapacidade de mensurá-lo objetivamente;
b) De difícil investigação, uma vez que o zumbido é sintoma e não doença;
c) Dificuldade de obtenção de modelo experimental fidedigno;
d) Flutuações que podem ocorrer com estados emocionais diversos.
Muitas classificações de zumbido já foram propostas, sendo que a mais utilizada na literatura divide o zumbido em dois tipos: o subjetivo (percebido apenas pelo paciente) e o objetivo (identificado também pelo examinador). Entretanto, essa classificação tem utilidade limitada, uma vez que uma mesma doença pode provocar zumbido subjetivo em alguns pacientes e objetivo em outros.
A classificação é essencial para o diagnóstico preciso e escolha do tratamento adequado, assim, alguns autores preferem a divisão do zumbido de acordo com sua fonte de origem: zumbidos gerados por estruturas para-auditivas, geralmente de origem vascular e zumbidos gerados pelo sistema auditivo.
Zumbidos gerados pelo sistema para-auditivo são, na maioria das vezes, relacionados a causas identificáveis e tratáveis. Quando analisamos as etiologias mais frequentemente relacionadas a esses tipos de zumbido, observamos uma riqueza de características clínicas que possibilitam estabelecer o diagnóstico através de uma historia detalhada e exame físico cuidadoso. Trabalhos apontam que até 20,11% de todos os pacientes portadores de zumbido estão neste grupo.
Considerando o desafio que o tratamento do zumbido representa na prática diária, chamamos a atenção para estes pacientes que podem se beneficiar do estabelecimento do correto diagnóstico e da abordagem específica, culminando no controle da sintomatologia.
O zumbido gerado pelo aparelho auditivo é o mais frequente e as etiologias mais relacionadas a esses tipos de zumbido são as perdas auditivas provocadas por sons de alta intensidade e doenças como labirintite, infecções de ouvido e outras. A segunda causa mais comum de zumbido é a pressão alta.
Após grande perda de peso em curto período de tempo, a tuba auditiva que comunica o ouvido com nariz, se mantém aberta (Tuba Patente) e causa zumbidos, descritos como barulho do mar.
Constituem uma causa também importante e por vezes, facilmente reversível, alterações como de glicose, gorduras e hormônios, remédios como aspirina (AAS) e antiinflamatórios.
Alteração na arcada dentaria ou disfunção na articulação têmporo-mandibular (ATM) ou mordida cruzada estão presentes em 45% dos pacientes com zumbido severo.
Causas psicogênicas: as duas principais manifestações são ansiedade e depressão.
Existem diversas formas de tratamentos, algumas em fases de experiências. Medicamentos antidepressivos, calmantes, vitaminas e complexos minerais e outros que melhore a microcirculação do ouvido interno e cóclea, agindo diretamente no zumbido.
A probabilidade de o zumbido ser causado por um tumor é muito pequena.
Terapia da habituação Re- treinar o cérebro a mudar a percepção e o incomodo pelo zumbido. Através da exposição constante de sons de baixa intensidade geradores de som. Enriquecimentos sonoros, atualmente, existem três formas recomendadas para o enriquecimento sonoro: sons ambientais através de CDs, fontes de água ou geradores portáteis com sons da natureza ou músicas suaves, som de ar condicionado, ventilador, etc. Terapia de mascaramento aparelhos que produz ruído que encobre os zumbidos.
Evitar substâncias estimulantes do sistema nervoso, como a cafeína, álcool e o tabaco.
Apenas 25% dos indivíduos não obtêm melhora no tratamento e, portanto, o paciente deve ficar esperançoso em relação à sua chance de melhora.
A exposição a ambientes ruidosos deve ser extremamente controlada, a fim de evitar maior perda auditiva e posterior piora do zumbido.
* Dr. José Eduardo Carraro é Otorrinolaringologista
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