Comumente pode-se pensar que o sopro é percebido apenas na ausculta do coração, porém percebe-se o sopro também na ausculta de outros órgãos e vasos sanguíneos. Vale observar que o som de um sopro é semelhante àquele produzido quando exalamos ar pela boca ao soprar uma vela.
A existência do sopro nem sempre traduz presença de doenças cardíacas ou vasculares. O sopro em si não produz sintomas. O paciente poderá se assintomático ou apresentar sintomas do tipo: cansaço fácil, inchaço, cianose (cor arroxeada da pele e mucosas), febre, taquicardia e outras modificações do ritmo cardíaco, falta de ar e outros.
Existem sopros ocasionados apenas pela alteração da velocidade da circulação sanguínea como no caso das anemias e taquicardias de várias origens.
Nota-se sopro em crianças e adultos jovens sem qualquer evidência de doença. Trata-se do chamado SOPRO INOCENTE, muito comum de ser detectado nos primeiros exames clínicos dos bebês, nos consultórios pediátricos.
Os sopros, em geral, são produzidos pelas vibrações das estruturas cardíacas e vasculares como válvulas, paredes musculares e tendões ou são produzidos quando ocorre modificação da velocidade sanguínea laminar para uma velocidade turbulenta, como aquela que ocorre quando pisamos numa mangueira com água. Podemos perceber a modificação da velocidade da água que escoa pela mangueira sob nossos pés.
Para se definir, com precisão, se um sopro auscultado trata-se de uma anormalidade, o paciente deverá ser avaliado por um médico especializado que vai analisá-lo detalhadamente durante o exame clínico e se necessário também lançará mão de exames complementares, como o ecocardiograma, o Doppler, o raio x de tórax e o eletrocardiograma.O médico especializado analisará a intensidade do sopro, as características sonoras agudas ou graves e se o sopro produz frêmito (sensação tátil do sopro) e outros detalhes próprios de cada caso.
Quanto às doenças que podem provocar sopros poderemos citar: as anomalias das válvulas cardíacas, porvocadas por problemas congênitos e ou por problemas infecciosos, como a febre reumática e as infecções em geral; os defeitos congênitos de fechamento das cavidades cardíacas, como as comunicações inter-arteriais e intervetriculares; e a “persistência” do canal arterial do recém nato. Alguns sopros são produzidos por estenoses (estreitamentos nos vasos sanguíneos), principalmente nas artérias, o que pode acontecer tanto em vasos mais calibrosos (como as artérias aorta e pulmonar), quanto em vasos mais finos e menos inportantes.
Em qualquer caso não se deve menosprezar a existência de sopros no exame clínico de qualquer paciente, devendo os mesmos serem pesquisados e analisados por profissional capacitado, que neste caso, esabelecerá ao paciente e seus familiares, para que fique claro o procedimento que deverá ser seguido conforme o caso.Se o diagnóstico do médico confirmar a existência de doença ela deve ser tratada. Caso não exista doença, o sopro não deve ser motivo de grandes preocupações, não justificando atitudes de superproteção e proibições sem sentido por parte dos familiares que lidam com crianças portadoras de sopro.
Portanto TER SOPRO nem sempre significa TER DOENÇA, mas em todos os casos voltamos a enfatizar, é necessário avaliação de um profissional capacitado.
* Dra. Rosana Vilela Wagner Peixoto é Cardiologista
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