Quanto maior o acúmulo de bilirrubina, mais partes do bebê tornam-se amareladas, sendo esta progressão crânio-caudal, o que significa que se inicia no rosto e vai descendo para tronco, abdômen, e por último membros (icterícia intensa).
Na maior parte dos casos, os níveis de bilirrubina encontram-se baixos e não oferecem riscos ao recém-nascido, que continua se comportando normalmente, é o que chamamos de icterícia fisiológica.
Geralmente a icterícia fisiológica aparece entre o segundo e terceiro dia de vida, desaparecendo em sete dias, não necessitando de tratamento específico.
Uma causa comum de icterícia fisiológica é a baixa ingesta de leite materno, ou seja, quando o bebê não suga todo volume que precisa, sendo denominada icterícia associada a amamentação.
O tratamento para a icterícia fisiológica é aumentar o número das mamadas e também o banho de sol, respeitando os horários com menor radiação solar que é antes das dez e após as dezesseis horas. O ideal é o bebê estar sem roupa, para que ocorra a exposição ao sol da maior parte do corpo e que essa exposição dure de dez a quinze minutos, para evitar queimaduras na pele.
A icterícia patológica ocorre dentro das primeiras 24 horas de vida, os níveis de bilirrubina no sangue aumentam muito e se prolongam por mais tempo. Ela pode se originar de condições como a incompatibilidade sanguínea entre a mãe e o filho, anormalidades do fígado, infecção e outros problemas do metabolismo. Para este tipo de icterícia é necessário tratamento hospitalar com fototerapia e investigação da causa da icterícia.
A fototerapia é um tratamento simples e muito eficaz, em que o bebê é colocado sob luzes especiais, sem roupas e com proteção nos olhos, para receber o “banho de luz”. O uso contínuo da fototerapia promove a queda dos níveis de bilirrubina, agindo diretamente na pele, transformando a bilirrubina em uma molécula que pode ser eliminada sem sobrecarregar o fígado do bebê. O tempo de tratamento é variável, de acordo com a intensidade da icterícia.
Existem alguns casos em que a fototerapia não resolve o aumento rápido e progressivo da bilirrubina, sendo indicado o que chamamos de exsanguíneotransfusão, que é a “troca” do sangue do bebê. Com ele são retirados os componentes tóxicos do sangue do bebê, resultando em diminuição da bilirrubina e reduzindo o risco de danos neurológicos.
Existe também a icterícia do leite materno, que tem como característica um aparecimento tardio, quando a icterícia fisiológica já cedeu. Ela surge entre dez e quinze dias de vida, podendo persistir por várias semanas ou, raramente, vários meses. Ela ocorre devido a presença de enzimas no leite materno que aumentam a absorção da bilirrubina intestinal do bebê.
É importante ressaltar que não se deve oferecer qualquer produto ou chá ao bebê com icterícia na tentativa de reduzi-la, pois essas substâncias podem ser prejudiciais para a saúde. Amamentar mais reduz a icterícia, não sendo recomendada a ingestão de outras substâncias.
Todo recém-nascido com icterícia intensa que se apresenta menos ativo, com dificuldade para sugar ou com menor resposta a estímulos, deve ser levado ao pediatra imediatamente pois o tratamento para icterícia patológica, quando iniciado precoce e adequadamente, previne danos neurológicos para o bebê.
Resumidamente, sempre que perceber que o recém-nascido está amarelado, leve-o ao pediatra para que ele o avalie e tome as condutas necessárias para que seu bebê continue saudável.
* Dra. Lidiane Diniz Braga é Pediatra - Neonatologista
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