quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Fique de olho na febre!

Durante a vida de todo ser humano existem momentos em que nosso corpo precisa se reparar de um dano causado por uma infecção, trauma e até mesmo por um câncer. Este processo de reparação surge a partir do fenômeno de inflamação. Isto mesmo!! Você não leu errado!! Inflamação é a forma pela qual o nosso organismo se recupera de um insulto, não necessariamente uma infecção. Mas o que isso tem a haver com febre?
Enquanto nosso organismo está se reparando ou mesmo enfrentando um vírus ou uma bactéria, certas substâncias liberadas durante este processo alteram nosso termostato natural localizado no hipotálamo (região do cérebro responsável pelo nosso controle de temperatura). Neste momento nossa temperatura corporal que normalmente se encontra entre 36-36,5º C se eleva para níveis acima de 37,8º C podendo mesmo atingir temperaturas muito elevadas e perigosas quando se passa a temperatura de 40º C. O objetivo do aumento de temperatura é fazer com que alguns fenômenos de defesas naturais se tornem mais eficientes (37,8-38º C). Porém, quando a temperatura corporal ultrapassa 40º C vários dos fenômenos de defesas sem tornam ineficientes por inativação de algumas substâncias conhecidas como enzimas.
Primeiro ponto que deve ficar claro, a principal causa de febre são infecções virais banais que acometem predominantemente crianças. Nestes casos, muitos pais ficam muito ansiosos e se tornam obsessivos com controle da febre. Na verdade, uma febre em torno de 37,8-38º C sem sinais de mal-estar geral intenso pode e deve ser observada e só medicada quando os níveis passarem deste valor. A única exceção está nas crianças que já apresentaram convulsão associada episódio de febre.
Já na população adulta, a febre, por si só, pode ser perigosa em pacientes com doença cardíaca e/ou pulmonar graves porque junto com o aumento de temperatura, existe durante o episodio de febre aumento dos batimentos cardíacos, de ritmo respiratório, mal estar geral, perda de apetite, dor difusa pelo corpo podendo ser o suficiente para descompensar um doença grave pré-existente.
Entre adultos, a febre é também comumente associada a infecções virais porém febre quando associada a certos sintomas servem de alerta. Por exemplo, febre associada a ardência urinária pode representar uma piora de uma infecção urinária inicialmente desprezada. Febre associada a rigidez de nuca ou sonolência acentuada por ser devido a meningite (infecção da membrana que reveste o cérebro).
Devemos salientar que, infelizmente, nem toda infecção causa febre, isto é verdade principalmente em pacientes frágeis como idosos, desnutridos ou imunossuprimidos (defesa imunológica debilitada).
Outro ponto fundamental: nem toda febre é significa infecção. A febre pode ocorrer durante o desenvolvimento de certos cânceres e doenças reumatológicas.
Febre persistente ao longo de muitas semanas ou meses nos faz pensar em doenças crônicas como tuberculose, câncer...
O uso de medidas medicamentosas ou não medicamentosas (banhos e compressas úmidas) devem ser tomadas inicialmente em todos os paciente que apresentem febre (>38º C) porém devemos ficar atentos porque o uso excessivo de anti-térmicos pode dificultar nossa percepção e atrapalhar a identificação de quem necessita de posterior avaliação médica. Um fato equivocado freqüente é a impressão de que controlar a temperatura significa acelerar nossa melhora infecciosa. Na verdade, vários estudos comprovam o uso de anti-térmico e analgésico não acelera o processo de recuperação durante um quadro infeccioso. O mais importante é o tratamento da doença que causou a febre propriamente dita e isso necessita de paciência e de se aconselhar com seu médico de confiança...
* Dr. Sérvio Paixão é Cardiologista

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