A conjuntivite pode ser causada por vários fatores e se torna muito importante diferenciá-los, pois o tratamento varia de acordo com a causa. Os sintomas iniciais freqüentemente são idênticos e só um oftalmologista terá condições de diagnosticá-los e de iniciar um tratamento correto e direcionado a causa, seja ela bacteriana, viral, alérgica ou outras causas de inflamações. O que se vê muito é cada vez mais o uso indiscriminado pela população de colírios descongestionantes. Esse tipo de colírio provoca a constricção dos vasos conjuntivais dilatados em pacientes que apresentem olhos vermelhos, o que pode ser muito prejudicial em muitos distúrbios oculares, pois a aparência normal e saudável que eles provocam pode mascarar um distúrbio potencialmente perigoso que pode passar despercebido.
Os achados clínicos que devem ser considerados para o diagnóstico diferencial são: tipo da secreção, tipo da reação conjuntival, presença de membranas e pseudomembranas e presença ou ausência de linfadenopatia.
Conjuntivite Bacteriana
Conjuntivite Bacteriana – Presença de hiperemia e secreção muco purulenta no saco conjuntival. |
A conjuntivite bacteriana simples é uma doença muito comum e usualmente autolimitada.
A apresentação se dá com início agudo de olho vermelho, ardência e lacrimejamento. A fotofobia (intolerância a luz) pode estar presente se há associação de acometimento da córnea. O mesmo acontece com a visão, que geralmente está preservada. Ao acordar os cílios estão grudados, há dificuldade em abri-los como resultado do acúmulo de secreção durante a noite. Também pode aparecer dor dentro ou em volta do olho e inchaço das pálpebras.
Mesmo sem tratamento a conjuntivite simples se cura espontaneamente em 10 a 14 dias. Testes de laboratório não precisam ser feitos de rotina. Há indicação em caso de conjuntivite purulenta grave, com o objetivo de identificar os patógenos e decidir a terapia antimicrobiana mais adequada.
O tratamento inicial se dá com limpeza das secreções com soro fisiológico e uso de antibióticos de largo espectro, colírio durante o dia e pomada à noite.
Conjuntivite Viral
Conjuntivite Viral – Presença de hiperemia e hemorragia subconjuntival. |
O espectro da doença pode variar de médio a quase inaparente. Pode estar associados ou não a infecção do trato respiratório superior (gripes e resfriados). Como a propagação se dá através do contato manual é importante lavar as mãos após contato com olho vermelho suspeito.
O tratamento é realizado com prescrição de colírios para alívio dos sintomas. Reservar os corticóides para os casos onde a inflamação é muito grave. Em caso de aparecimento de pseudomembranas estas devem ser retiradas.
Conjuntivite Alérgica
Conjuntivite Alérgica – Inchaço das pálpebras e hiperemia e presença de quemose |
Uma das formas mais freqüentes de distúrbios conjuntivais alérgicos incluem a conjuntivite alérgica sazonal (febre do feno), cujo gatilho são antígenos em partículas em suspensão tais como esporos, pólen, grama, sementes, cabelos, lã e pena.
Outra forma é a conjuntivite alérgica aguda, que é uma reação urticariforme causada por uma grande quantidade de alérgeno no saco conjuntival. Afeta geralmente crianças depois de brincar na grama ou com animais e também esta relacionada à poeira doméstica (ácaro). E também, cada vez mais, reações alérgicas a medicamentos e cosméticos. Depósitos de resíduos em lentes de contato também podem desencadear reações alérgicas.
Os sintomas incluem coceira, sensação de corpo estranho, lacrimejamento, olho vermelho e fotofobia.
O tratamento é feito com colírios antialérgicos. O uso de corticóides por tempo prolongado deve ser evitado devido à alta taxa de complicações.
Conjuntivite Neonatal
As conjuntivites neonatais são definidas como aquelas que ocorrem durante o primeiro mês de vida. As três principais causas são: chlamydia, gonococos e diversas.
A infecção por chlamydia é a causa mais comum de conjuntivite neonatal. A apresentação se dá entre 5 a 14 dias após o parto com uma conjuntivite mucopurulenta. O correto diagnóstico e tratamento são importantes, porque ocasionalmente uma infecção por chlamydia pode dar origem à cicatrização conjuntival e raramente opacidade corneana.
Entre as causas diversas estão incluídas: química (pode ser causada por nitrato de prata ou antibióticos utilizados como profilaxia antigonocócica), a bacteriana simples e por herpes simplex.
Outras Conjuntivites
Outras formas de conjuntivite incluem as auto-imune (penfigoide cicatricial e síndrome de Stevens-Johnson) e as químicas.
Diante de uma suspeita de conjuntivite procure um oftalmologista, ele saberá qual o melhor tratamento para o seu caso.
* Dra. Lenise Dutra é Oftalmologista
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