quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Conjuntivite - Causas, sintomas, tratamentos e prevenção.

Conjuntivite, inflamação da conjuntiva (membrana que envolve o olho), é a causa mais comum de hiperemia (vermelhidão), e quase sempre envolve outras estruturas adjacentes (córnea e pálpebras).
A conjuntivite pode ser causada por vários fatores e se torna muito importante diferenciá-los, pois o tratamento varia de acordo com a causa. Os sintomas iniciais freqüentemente são idênticos e só um oftalmologista terá condições de diagnosticá-los e de iniciar um tratamento correto e direcionado a causa, seja ela bacteriana, viral, alérgica ou outras causas de inflamações. O que se vê muito é cada vez mais o uso indiscriminado pela população de colírios descongestionantes. Esse tipo de colírio provoca a constricção dos vasos conjuntivais dilatados em pacientes que apresentem olhos vermelhos, o que pode ser muito prejudicial em muitos distúrbios oculares, pois a aparência normal e saudável que eles provocam pode mascarar um distúrbio potencialmente perigoso que pode passar despercebido.
Os achados clínicos que devem ser considerados para o diagnóstico diferencial são: tipo da secreção, tipo da reação conjuntival, presença de membranas e pseudomembranas e presença ou ausência de linfadenopatia.


Conjuntivite Bacteriana


Conjuntivite Bacteriana – Presença de hiperemia e
secreção muco purulenta no saco conjuntival.
 Embora os germes estejam presentes mesmo na conjuntiva saudável, normalmente as infecções podem ser prevenidas pelo efeito antibacteriano do filme lacrimal (lágrima). Somente quando há um desequilíbrio dos mecanismos de defesa imunológicos é que a infecção ocorre.

A conjuntivite bacteriana simples é uma doença muito comum e usualmente autolimitada.

A apresentação se dá com início agudo de olho vermelho, ardência e lacrimejamento. A fotofobia (intolerância a luz) pode estar presente se há associação de acometimento da córnea. O mesmo acontece com a visão, que geralmente está preservada. Ao acordar os cílios estão grudados, há dificuldade em abri-los como resultado do acúmulo de secreção durante a noite. Também pode aparecer dor dentro ou em volta do olho e inchaço das pálpebras.

Mesmo sem tratamento a conjuntivite simples se cura espontaneamente em 10 a 14 dias. Testes de laboratório não precisam ser feitos de rotina. Há indicação em caso de conjuntivite purulenta grave, com o objetivo de identificar os patógenos e decidir a terapia antimicrobiana mais adequada.
O tratamento inicial se dá com limpeza das secreções com soro fisiológico e uso de antibióticos de largo espectro, colírio durante o dia e pomada à noite.



Conjuntivite Viral


Conjuntivite Viral – Presença de hiperemia e
hemorragia subconjuntival.
 A apresentação se dá como um quadro agudo de olho vermelho, lacrimejamento, desconforto e fotofobia. Em 60% dos casos é bilateral. Também pode aparecer inchaço das pálpebras e adenopatia pré auricular. Em casos severos, hemorragia subconjuntival, quemoses (inchaço da conjuntiva) e pseudomembranas.

O espectro da doença pode variar de médio a quase inaparente. Pode estar associados ou não a infecção do trato respiratório superior (gripes e resfriados). Como a propagação se dá através do contato manual é importante lavar as mãos após contato com olho vermelho suspeito.

O tratamento é realizado com prescrição de colírios para alívio dos sintomas. Reservar os corticóides para os casos onde a inflamação é muito grave. Em caso de aparecimento de pseudomembranas estas devem ser retiradas.



Conjuntivite Alérgica


Conjuntivite Alérgica – Inchaço das pálpebras e hiperemia e presença de quemose
Um número cada vez maior de pessoas sofre de alergias. Atualmente, elas afetam 15% da população. A conjuntiva é um dos tecidos mais freqüentemente envolvidos em uma reação alérgica.
Uma das formas mais freqüentes de distúrbios conjuntivais alérgicos incluem a conjuntivite alérgica sazonal (febre do feno), cujo gatilho são antígenos em partículas em suspensão tais como esporos, pólen, grama, sementes, cabelos, lã e pena.

Outra forma é a conjuntivite alérgica aguda, que é uma reação urticariforme causada por uma grande quantidade de alérgeno no saco conjuntival. Afeta geralmente crianças depois de brincar na grama ou com animais e também esta relacionada à poeira doméstica (ácaro). E também, cada vez mais, reações alérgicas a medicamentos e cosméticos. Depósitos de resíduos em lentes de contato também podem desencadear reações alérgicas.

Os sintomas incluem coceira, sensação de corpo estranho, lacrimejamento, olho vermelho e fotofobia.
O tratamento é feito com colírios antialérgicos. O uso de corticóides por tempo prolongado deve ser evitado devido à alta taxa de complicações.




Conjuntivite Neonatal


As conjuntivites neonatais são definidas como aquelas que ocorrem durante o primeiro mês de vida. As três principais causas são: chlamydia, gonococos e diversas.

A infecção por chlamydia é a causa mais comum de conjuntivite neonatal. A apresentação se dá entre 5 a 14 dias após o parto com uma conjuntivite mucopurulenta. O correto diagnóstico e tratamento são importantes, porque ocasionalmente uma infecção por chlamydia pode dar origem à cicatrização conjuntival e raramente opacidade corneana.

Entre as causas diversas estão incluídas: química (pode ser causada por nitrato de prata ou antibióticos utilizados como profilaxia antigonocócica), a bacteriana simples e por herpes simplex.


Outras Conjuntivites

Outras formas de conjuntivite incluem as auto-imune (penfigoide cicatricial e síndrome de Stevens-Johnson) e as químicas.

Diante de uma suspeita de conjuntivite procure um oftalmologista, ele saberá qual o melhor tratamento para o seu caso.

* Dra. Lenise Dutra é Oftalmologista


Nenhum comentário:

Postar um comentário