A parti dos anos 80, devido o avanço da tecnologia aplicada a medicina e à melhor assistência neonatal , a sobrevida de prematuros de baixo peso aumentou em 4 vezes ou mais. A sobrevida de RN com peso de nascimento menor que 1.000g passou de 8 para 33% e daqueles que apresentam 1.000-1.500g de peso de nascimento ocorreu o aumento da sobrevida em 81%.Isto refletiu-se numa maior freqüência de RP.
Um terço das crianças com peso menor que 1.500g ao nascimento podem apresentar RP. Das crianças pesando menos de 1.251g ao nascer 65,8% podem desenvolver RP, enquanto 81,6 % das com menos de 1.000g podem ser acometidas. Dos recém-nascidos com peso entre 1001-1.500 2,2% desenvolverão alterações cicatriciais como complicação de RP e 0,5% ficarão cegos.
Os estudos na doença mostram que o oxigênio e a imaturidade retiniana são os 2 fatores de maior risco para RP. Embora o oxigênio tenha sido tradicionalmente apontado com fator etiológico da RP, estudos mais recentes tendem a demonstrar a etiologia multifatorial da qual o oxigênio faz parte .A imaturidade da retina é avaliada pela idade gestacional e peso ao nascer. A prevalência da RP, é inversalmente proporcional em relação a esses fatores. Assim, crianças com peso de nascimento inferior a 1.000g, apresentam risco 15 vezes maior de desenvolver RP quando comparadas com RNs de maior peso. Crianças com idade gestacional abaixo de 30 semanas, apresentam risco 6 vezes maior de desenvolverem RP do que de maior idade gestacional.
Para diagnósico e conseqüente prevenção da doença, é seguido o protocolo americano do “CRYO-ROP STUDY GROUP”, que preconiza o primeiro exame de mapeamento de retina com 4 semanas de vida, mesmo com recém-nascido ainda na UTI neonatal. Caso evolua favoravelmente, deverá ser reexaminado a cada 2 semanas , caso contrário, semanalmente, até a vascularização de toda retina.
Evoluindo desfavoravelmente com risco de descolamento de retina, deverá ser encaminhado para cirurgião de retina e vítreo que realizará o tratamento preconizado para evitar a perda da visão do prematuro. O tratamento indicado nos casos em que a retina encontra-se ainda aplicada, é com crioterpia, que consiste em um congelamento da retina doente ou fotocoagulação com laser de diodo que tem o mesmo objetivo de tratar a retina e evitar que ela evolua para um descolamento de retina. Em casos que a retina já apresenta-se descolada, é necessário uma cirurgia vítreo retiniana com resultados muito reservados.
No Brasil, recomenda-se o exame de prematuros com menos de 32 semanas de vida, ou peso inferior a 1.800g.
O desenvolvimento de equipamentos modernos em UTIs neonatais no Brasil, tem proporcionado a sobrevida de bebês com idades gestacionais cada vez menores e peso de nascimento cada vez mais baixos. A falha no encaminhamento precoce pelos pediatras, e a falta de preparo de muitos oftalmologistas para fazer o diagnóstico correto e indicar o tratamento apropriado, são provavelmente os fatores responsáveis pela enorme quantidade de bebês cegos anualmente no Brasil por retinopatia da prematuridade. A RP é a segunda maior causa de cegueira infantil do País, perdendo apenas para o glaucoma congênito.
* Dr. Adriano Martins é Oftalmologista
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