Entretanto, deve-se ter mais cautela ao dizer elas são mais mal-educadas, desobedientes e agressivas, pois o desenvolvimento do ser humano ao longo do ciclo de vida se dá por diferentes vias: física, motora, cognitiva, social, emocional. Isso significa dize que a criança não é a única responsável por suas atitudes e comportamentos. Muito pelo contrário.
Sabe-se que o papel dos pais (ou responsáveis) na educação e conseqüente desenvolvimento saudável dos filhos é central. Toda criança pede limites. Ao entrar em contato com o mundo social, de relações sociais, a criança é naturalmente “impelida” a experimentar de tudo, para ampliar sua gama de conhecimentos. E, muitas vezes, aquilo que parece mais interessante não é o melhor para ela – mas ela não sabe, ou ainda não tem a consciência suficientemente madura para compreender as consequências de seu ato. Quem precisa indicar isso são os responsáveis, por meio do limite e do respeito às regras.
Neste ponto, é fundamental ressaltar a importância da consistência destas regras. Dizer NÃO à criança não gerará nenhum “trauma”, nem mesmo quando os pais trabalham fora, e querem aproveitar ao máximo o pouco tempo que ficam com os filhos. O importante é saber sustentar o não que se diz, não voltando atrás caso a criança chore muito, grite ou faça pirraça. E mais, é necessário explicar o porquê do não, para que o filho compreenda as regras e assuma a responsabilidade que compete a ele.
As regrinhas básicas da educação, existentes desde os tempos dos nossos avós, de forma geral, continuam as mesmas. Saber ouvir e saber falar, dando o exemplo à criança é fundamental. O que é necessário é adaptá-las ao contexto atual em que a criança vive.
Hoje, dar limites aos filhos não é simplesmente dar umas palmadas, ou colocar de castigo. A noção de limite vai mais além. Envolve ensinar à criança o respeito ao próximo; envolve questões de moral e ética que só se aprendem vivenciando, vivência esta que deve ser embasada em um diálogo aberto, franco, onde haja troca entre as partes. Onde as dúvidas e desejos da criança também sejam respeitados pelos adultos. Este, sim, é o melhor caminho para se indicar (e não impor) limites. E é a maneira mais saudável de relação entre pais e filhos.
* Gláucia S. Veigas de Macedo é Psicóloga
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