Pode ter causas exógenas (externas) ou endógenas (do próprio indivíduo), sendo as causas exógenas mais comuns é proveniente do uso de drogas como amiodarona e carbonato de lítio e o hipotireoidismo desencadeado após tratamento para hipertireoidismo (radioiodoterapia ou cirurgia). A causa endógena mais frequente é a tireoidite crônica auto-imune ou atrófica, onde o indivíduo produz anticorpos contra sua própria tireóide. Outras causas menos frequentes são: tireoidite subaguda, deficiência de iodo e o bócio dis-hormonogênico. Não podemos esquecer o hipotireoidismo congênito como causa endógena, que é grave no recém nascido, podendo levar a retardo mental; por isso, a importância da realização do teste do pezinho que pode fazer o diagnóstico precoce, evitando sequelas.
As manifestações clínicas são insidiosas, não específicas e geralmente atribuídas ao envelhecimento quando atingem indivíduos com idade acima de 60 anos (faixa etária na qual incide mais o hipotireoidismo). Incluem, entre outros, intolerância ao frio, fadiga, aumento de peso, rouquidão, letargia, redução da memória e da capacidade de concentração, fraqueza, cãimbras musculares, dor articular, náusea, ascite, constipação, redução da libido e da fertilidade, alterações menstruais, pele seca, edema facial, queda de cabelo. Pode apresentar bócio, que é o aumento da glândula tireóide que se localiza na região anterior do pescoço.
As mulheres são acometidas bem mais frequentemente que os homens, e naquelas com mais de 60 anos a prevalência pode chegar a 10-15%.
A alteração laboratorial mais sensível é, sem dúvida, a elevação sanguínea da concentração do hormônio estimulador da tireóide (TSH), que controla a produção de tiroxina. Seu aumento ocorre vários meses antes da diminuição da concentração sérica de tiroxina livre, que é o hormônio produzido pela tireóide.
Também produz alterações importantes sobre o metabolismo das gorduras, principalmente aumento dos valores do colesterol total, triglicerídeos e da fração LDL do colesterol. Cerca de 95% dos pacientes com hipotireoidismo clínico são hipercolesterolêmicos, já a freqüência de hipertrigliceridemia isolada é de 5%. Esses dados mostram sua importância no desenvolvimento da doença aterosclerótica.
A hipertensão arterial diastólica está presente em 10 a 25% dos pacientes com hipotireoidismo, pelo aumento da resistência vascular periférica. É interessante observar que aproximadamente 4% dos pacientes com diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica apresentam hipotireoidismo associado, ocorrendo melhora significativa do quadro após reposição hormonal adequada.
A triagem laboratorial de disfunção tireoidiana na população de adultos é aconselhada quando há benefícios maiores do diagnóstico e tratamento precoces em relação aos custos deste procedimento. Alguns autores recomendam a dosagem de TSH em pessoas acima de 40 ou 50 anos, de ambos os sexos. Segundo a Americam Thyroid Association (ATA), homens e mulheres de 35 anos deveriam fazer uma dosagem de TSH para triagem de disfunção e posteriormente, a cada 5 anos, quando o resultado inicial fosse normal. Deve ser feito de rotina em idosos, pacientes com dislipidemia e doenças psiquiátricas e nos que usam drogas como a amiodarona e o lítio.
O tratamento do hipotireoidismo é por toda vida e relativamente simples, apresentando reversão completa das alterações com a reposição dos hormônios. A droga de escolha para o seu tratamento é a levotiroxina, que deve ser ingerida pela manhã em jejum.
Concluindo-se, portanto, que quanto mais precoce seu diagnóstico e início do tratamento, poderemos evitar suas complicações e melhorar a qualidade de vida destes pacientes.
* Dra. Gabrielle Aparecida Lopes Reis é Pediatra /Endocrinologista
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