quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Quelóide – Existe maneira de evitá-los?

Nem toda cicatriz feia é quelóide. O verdadeiro quelóide é uma cicatriz grossa, em alto relevo, endurecida, avermelhada e que frequentemente apresenta coceira ou dor. Costuma surgir a partir de 14 a 21 dias da lesão (trauma ou cirurgia), inicia como uma cicatriz avermelhada que se torna cada vez mais elevada, com coceira intensa, e que aos poucos vai se estendendo além dos limites iniciais da cicatriz.
Essa última é a característica mais marcante do quelóide, ultrapassar o limite da cicatriz original. Tem maior prevalência em negros e asiáticos e afeta preferencialmente áreas de pele espessa e tensa, como os ombros, as costas, a área entre as mamas. Apesar de não se enquadrar nestas características, a orelha também é área freqüentemente acometida. O quelóide não costuma apresentar involução com o tempo, ficando sempre com o volume exacerbado e inestético.
Muito parecida e frequentemente confundida com o quelóide é a cicatriz hipertrófica. Também em alto relevo, avermelhada, apresentando coceira, de início nas primeiras semanas de cicatrização, este tipo de cicatriz fica delimitada à cicatriz original, não se estendendo além dela. Menos intensa que o quelóide, tem evolução favorável, com o tempo (meses) vai clareando e aplainando, acabando como uma cicatriz plana, muitas vezes alargada. Acomete todo tipo de raça, e tem predominância em áreas onde a pele está tensa.

Tratamento

Os quelóides não tem um tratamento único e a maioria dos tratamentos não dá resultados satisfatórios completamente. Dois ou mais tratamentos podem ser combinados para aumentar a eficácia. Se a pessoa decide procurar tratamento para uma cicatriz de quelóide, ela terá os melhores resultados se começar o tratamento tão logo o quelóide apareça.
Os principais tratamentos disponíveis incluem:

• Remoção através de cirurgia convencional — Pode-se utilizar duas técnicas básicas. Na primeira, o quelóide é retirado na íntegra e o tecido é aproximado, mas requer grande cuidado, com resultados variáveis, sob o risco dos quelóides se devolverem novamente após terem sido retirados, podendo ser maiores que o original. Os quelóides se desenvolvem em mais de 45 por cento das pessoas quando são retirados por cirurgia. Na segunda opção, são feitas incisões intralesionais (dentro do quelóide) preservando-se suas bordas. Esta técnica tem resultados melhores que a primeira. Os quelóides são menos prováveis de se desenvolver se a remoção cirúrgica é combinada com outros tratamentos.
• Injeções de corticóide intralesional — O uso de corticóide é indicado logo no início em que o quelóide está se manifestando na cicatriz, quando está aparecendo um relevo maior. O medicamento é injetado diretamente na lesão. As injeções são feitas com Triamcinolona ou outro medicamento a base de corticosteróide e são habitualmente repetidas com intervalos de quatro a seis semanas. A manipulação do corticóide tem que ser muito cuidadosa para não atingir as adjacências da cicatriz, pois se isso ocorrer, pode atrofiar o tecido bom também. Este tratamento pode reduzir o tamanho do quelóide e a irritação, mas as injeções têm lá seu incômodo.
• Criocirurgia — Este tratamento feito com nitrogênio líquido. Mais de um ciclo de tratamento pode ser necessário dependendo das dimensões da lesão, a cada 20 ou 30 dias. Pode causar um efeito colateral de clarear a cor da pele que limita sua utilização.
• Beta-terapia — Para quem já tem o quelóide formado, o melhor é retirá-lo com cirurgia em seguida fazer a Beta-terapia. Desta forma, a imensa maioria dos casos tem bons resultados.
• Medicamentos Recentes – Atualmente, alguns medicamentos antes utilizados no tratamento de doenças auto-imunes vêem sendo usados para tratar os quelóides, em associação com outras formas de tratamento como a crioterapia e a cirurgia. Medicamentos como o Interferon, o 5-fluouracil e a Bleomicina, aplicados na lesão, têm futuro promissor. Mancolt & cols foram os autores de um trabalho que propiciou o uso do Tamixofeno no quelóide. No estudo, que foi apoiado pela "Plastic Surgery Education Foundation", se descobriu que a substância tem efeito letal aos fibroblastos do quelóide. Os resultados mostraram que o citrato de tamoxifeno tem a capacidade de diminuir a proliferação dos fibroblastos produtores dos quelóides, diminuindo, assim, a produção do colágeno responsável pelo seu supercrescimento.

* Dr. Ozório Chaves é Cirurgião Plástico

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