quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tenho um nódulo: pode ser câncer?

O câncer é uma doença maligna com incidência crescente em todo o mundo, e com taxas de mortalidade ainda preocupantes, apesar de grandes avanços no tratamento. O medo da população, portanto é justificado, tornando-se nosso dever cada vez mais, informar e com isso buscar o diagnóstico precoce.
Para a população geral a descoberta de um nódulo, “caroço” ou “íngua” pode muitas vezes representar um pesadelo. Os nódulos são lesões que medem até três cm, e quando maiores que três cm devem ser chamados de tumores. Sendo esta uma divisão meramente didática, a palavra tumor não é sinônimo de câncer. Estas lesões apresentam algumas características clínicas que podem ajudar a classificá-las como benignas ou malignas. As principais lesões benignas são compostas por doenças inflamatórias como infecção de vias aéreas superiores, furúnculos, erisipelas em membros inferiores, que podem levar ao aparecimento de linfonodos aumentados ou “ínguas” na região inguinal, infecção em áreas de pêlo como hidrossadenite (infecção nas axilas), ou foliculites de maneira geral. Estes são facilmente diferenciados de lesões malignas devido à presença de dor e outros sinais inflamatórios como edema, calor, hiperemia nas áreas próximas ao nódulo (ou tumor na dependência do tamanho da lesão) e algumas vezes pela existência de febre. Nestes casos o diagnóstico de câncer está descartado.
Algumas lesões benignas podem ser mais difíceis de diferenciar do câncer, como por exemplo, a Doença da Arranhadura do Gato ou DAG, que é uma das causas mais comuns de linfadenomegalia em crianças e uma causa relativamente comum em adultos e adolescentes. Esta doença se caracteriza pelo surgimento de uma espécie de bolha mais resistente no local de uma mordida ou arranhadura do gato, cerca de três semanas depois do acidente. Esta lesão logo desaparece e depois de mais alguns dias surgem os linfonodos aumentados no trajeto de drenagem linfática daquela área. Estes gânglios aumentados podem levar meses para desaparecer, mas isto acontecerá espontaneamente, não havendo perigo para o indivíduo sadio. A preocupação com esta doença existe apenas para os pacientes portadores de deficiência imunológica, como por exemplo, os portadores do HIV.
Muitas vezes, porém, a permanência desses gânglios levará á realização de biópsia, que é a retirada cirúrgica do linfonodo para estudo e diagnóstico de certeza, pois o nódulo não apresenta sinais inflamatórios, dificultando o diagnóstico clínico de doença benigna.
E finalmente, os nódulos ou tumores com alto índice de suspeição para neoplasia maligna ou câncer são aqueles indolores, aderidos a planos mais profundos que a pele como músculos e tecido subcutâneo, muitas vezes com crescimento perceptível pelo paciente. Algumas das neoplasias que cursam comumente com o aparecimento de nódulos palpáveis são os linfomas, o câncer da região da cabeça e do pescoço e o câncer de mama. O linfoma é o câncer do sistema linfático, e neste caso poderão estar associados ao nódulo sintomas como perda de peso, sudorese profusa, desânimo, palidez cutânea entre outros. Outra condição comumente associada ao linfoma é a existência de dois ou mais nódulos e algumas vezes em locais diferentes como, por exemplo, axila e virilha. Nestes casos a suspeita clínica de câncer se torna mais evidente. Nos casos mais iniciais em que poderá haver apenas um nódulo o desafio é grande, e a recomendação é de se indicar biópsia para nódulos persistentes. O câncer de cabeça e pescoço ocorre principalmente, mas não exclusivamente, em tabagistas. Poderá haver o surgimento de um nódulo no pescoço concomitantemente a alguma alteração na boca como uma ferida ou somente dificuldade para engolir os alimentos. Esta é uma situação de alerta, devendo o paciente procurar imediatamente ao serviço de saúde. Quanto ao câncer de mama, o mais comum é a observação pela paciente de uma lesão mamária, que normalmente é indolor. Neste caso também o pronto estabelecimento de propedêutica através da realização de exames como mamografia e ultra-som, e também o exame clínico realizado pelo mastologista são de fundamental importância. Após esta avaliação inicial irá se definir sobre a necessidade de realização de biópsia.
Portanto, nem todo “caroço” é câncer, mas infelizmente não há parâmetros clínicos completamente seguros para se afastar tal hipótese, e devemos estar atentos ao nosso corpo, valorizando e conhecendo cada detalhe para sermos capazes de detectar alterações em fases iniciais e assim termos a oportunidade de receber um diagnóstico precoce, o que no caso do câncer fará toda a diferença.

* Dra. Heloisa Resende é Oncologista

2 comentários:

  1. Dr.tenhu 21 anos e apareceu um carocinhu bem pequeno na minha cabeça em cima do osso grande,ele doi se eu apertar...Meu pescoço tambm esta dolorido...
    Estou fazendo exames mas poderia me dzer oq pode ser? se é algo grave?

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  2. Olha a melhor situação neste momento é procurar um médico clínico geral, para que ele possa te direcionar neste caso.

    Abs!

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