O suor é extremamente variável de indivíduo para indivíduo e é influenciado por fatores internos e externos. O suor excessivo é conhecido como hiperidrose. O odor desagradável do suor é a bromidrose e está relacionada à associação do suor com bactérias da pele e, eventualmente, a fungos.
A hiperidrose pode ser generalizada e habitualmente está ligada a exercícios físicos e fatores emocionais. Pode ser secundária à obesidade, doença da tireóide, menopausa, doenças psiquiátricas, tuberculose e linfoma. De interesse maior são as hiperidroses localizadas, ou regionais (hiperidrose primária), palmar, axilar, plantar e craniofacial, que ocorrem associadas ou separadas e cuja intensidade pode causar desconforto e alterar o comportamento psicosocial do indivíduo. Em função de haver uma hiperatividade do sistema nervoso simpático, pode ocorrer uma leve exacerbação da sua intensidade no verão. Possui relação com desencadeamento pelo estresse, calor excessivo e com a gustação, sendo o fator estresse o maior desencadeante. Prova disto é que, durante o período de sono, raramente ocorre hiperidrose.
A hiperidrose pode ocorrer em qualquer tempo ou lugar: num ambiente com ar-condicionado, temperatura ambiente elevada, quando a pessoa está comendo, lendo, assistindo televisão ou sem qualquer estresse ou ansiedade.
Cerca de 20% das pessoas afetadas já nascem com hiperidrose. A hiperidrose palmar limita a atividade social, laborativa e de relacionamento do indivíduo. Os indivíduos não se sentem bem e relutam em cumprimentar com aperto de mãos. Crianças freqüentemente não conseguem executar trabalhos escolares borrando os papéis. Atividades como manusear papéis, por exemplo, podem se tornar quase impossíveis. Não conseguem assinar cheques. São obrigados freqüentemente a usar luvas, mesmo em época de calor, ou a usar toalhas constantemente para secar as mãos.
Vários pacientes se queixam de dificuldade para o início de namoro ou mesmo para o toque físico em momentos de intimidade. Alguns profissionais podem ser particularmente prejudicados, como os pianistas, artistas plásticos, digitadores, maquiadores, massagistas, médicos, fisioterapeutas, etc.
A hiperidrose axilar se torna desagradável pelo fato de o suor escorrer pelo corpo e pela sensação permanente de falta de higiene, principalmente quando associada ao odor desagradável.
Em relação ao tratamento clínico, comumente o profissional médico, dermatologista e, às vezes, neurologista ou endocrinologista medica estes pacientes com tranqüilizantes, sedativos ou antidepressivos, dependendo da avaliação da influência que os fatores psicológicos possam ter sobre a doença. Drogas anticolinérgicas como propantelina e oxifenciclimina são utilizadas por via oral, porém com resultados insatisfatórios e limitados.
Para tratamento local, drogas anidróticas como cloreto de alumínio, formaldeído e derivados, glutaraldeido e bicarbonato de sódio em formulações a cargo do dermatologista têm sido utilizadas sem o resultado esperado. Tratamentos homeopáticos, ortomoleculares, acupuntura ou alternativos são ineficazes. Tratamento psicológico e psicoterápico podem auxiliar, porém são paliativos. Devendo, portanto, ser de apoio. A toxina botulínica (botox) é outra forma de tratamento clínico da hiperidrose, porém é cara e sem resultados definitivos. O tratamento cirúrgico apresenta excelentes resultados, principalmente com o advento da videotoracoscopia (cirurgia torácica video assistida), método cirúrgico que emprega ótica adaptada à microcâmera que aumenta o campo cirúrgico em 20 vezes e com pequenas incisões. Portanto, com menor índice de complicações e dor no pós-operatório, menor internamento e menores custos médico-hospitalares. Houve uma grande divulgação da Simpaticotomia Torácica através da videotoracoscopia para o tratamento da Hiperidrose Palmar, Axilar, Crânio Facial, Doença de Raynaud, Distrofia Simpático Reflexa, Causalgia, Insuficiência Vascular dos Membros Superiores, Síndrome do QT Longo, Rubor Facial (blushing), Fobia Social e Angina Péctoris Intratável. Dentro das contra-indicações ao tratamento cirúrgico da hiperidrose podemos citar: pacientes portadores de insuficiência respiratória ou cardiovascular grave e diabete descompensado. Nos pacientes com seqüela de cirurgia torácica, trauma torácico e doenças pleurais (Paquipleuris) a contra-indicação é relativa. Pacientes obesos não devem ser operados ou operados com restrição, devido à dificuldade de localização da cadeia simpática, bem como alguns são passíveis de melhora dos seus sintomas com a redução de peso.
O principal efeito colateral do tratamento cirúrgico é a hiperidrose compensatória. A sudorese compensatória ou reflexa é a sudorese em outros locais que não aqueles para os quais a simpaticotomia foi realizada (crânio facial, palmar, axilar e plantar), ocorrendo, principalmente, no tórax, entre os mamilos, parede torácica anterior e posterior, abdômen superior e dorso. Pode ocorrer, também, nas pernas, coxas, virilhas e pés É sem dúvida o mais comentado efeito colateral da simpaticotomia torácica.
* Dr. Mauro Tavares é Cirurgião Torácico
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