Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de saúde vai além do tratamento de doenças. Ter uma boa amizade, por exemplo, baseada no respeito mútuo e na solidariedade, faz muito bem à saúde. Isso porque as relações sociais ajudam a superar as dificuldades da vida.
• Afinal o que é amizade?
A amizade pode ter como origem, um instinto de sobrevivência da espécie, com a necessidade de proteger e ser protegido por outros seres. Alguns amigos se denominam “melhores amigos”. Muitas vezes os melhores amigos se conhecem mais que os próprios familiares e cônjuges, funcionando como um confidente. Para atingir esse grau de amizade, muita confiança e fidelidade são depositadas.
Muitas vezes os interesses dos amigos são parecidos e demonstram um senso de cooperação. Mas também há pessoas que não necessariamente se interessam pelo mesmo tema, mas gostam de partilhar momentos juntos, pela companhia e amizade do outro, mesmo que a atividade não seja a de sua preferência.
A amizade é uma das mais comuns relações interpessoais que a maioria dos seres humanos tem na vida. Em caso de perda da amizade, sugere a reconciliação e o perdão. Carl Rogers diz que a amizade “é a aceitação de cada um como realmente ele é”.
Estudos indicam que permanecer isolado socialmente pode acarretar alterações significativas em nossa saúde, pois essa condição tem sido relacionada à depressão, diminuição do sono e da capacidade cognitiva, doença de Alzheimer e até mortalidade.
A solidão está também associada ao aumento da pressão sanguínea, das atividades do hipotálamo da glândula pituitária e do córtex adrenal (vinculados ao hormônio do estresse, o cortisol) alterações no sistema imunológico, arteriosclerose, diabetes, inflamações e contrações nos vasos sanguíneos.
O órgão que mais sofre com a solidão é o coração. Viver só é condição de risco que leva à resistência da circulação sanguínea do sistema cardiovascular, causada por inflamações decorrentes do excesso de cortisol no organismo. O Alcoolismo, sedentarismo e obesidade aparecem igualmente na lista dos males de quem vive só. Uma pesquisa realizada por Louise Hawkley, diretora e pesquisadora do laboratório de Neurociência Social, do departamento de Psicologia da Universidade de Chicago, nos EUA, mostrou que o remédio para prevenir essas enfermidades é manter um círculo de amizades ou estar inserido em algum grupo social.
A pesquisadora Louise Hawkley diz “ter muitas amizades não é necessariamente mais benéfico do que possuir apenas um bom amigo”. Cada pessoa difere em suas necessidades e, por isso, alguns indivíduos precisarão apenas de um amigo para se sentirem satisfeitos. Outros estarão mais à vontade se puderem contar com um número maior de amizades.
Neste sentido, devemos procurar se relacionar com outras pessoas, talvez tomando iniciativa de oferecer ao outro um gesto ou ma palavra gentil, quem sabe por meio de um trabalho voluntário. Esta atitude pode não levar necessariamente a uma amizade a longo prazo, mas traz a sensação de bem estar pelo simples fato de estar com outras pessoas.
O próximo passo seria desenvolver um plano de ação: saber que tipo de amizades você deseja e, só então, projetar como fará para chegar até elas. “isso inclui pensar sobre os tipos de problemas ocorridos no passado com suas amizades, procurando aprender, formas de evitar essas dificuldades no futuro”. Ser honesto consigo mesmo sobre as mudanças pessoais que devem ser feitas, tentando ser positivo e abrindo-se aos outros, estando pronto para recomeçar, caso não tenha sucesso na primeira vez.
O terceiro passo é selecionar os amigos cuidadosamente. A melhor forma de avaliar a solidão é com o apoio de amizades de qualidade. Com certeza você terá mais sucesso se procurar por alguém que possua crenças semelhantes às suas e esteja no mesmo estágio da vida que o seu.
A quarta e ultima ação é esperar o melhor. Uma atitude positiva, paciência, e um espírito generoso trarão os outros até você e aumentarão suas expectativas positivas.
Outro estudo realizado na Austrália confirma as conclusões da pesquisadora americana. O levantamento foi realizado pelo Centro do Envelhecimento da Universidade de Flinders, onde se concluiu que ter amigos está ligado à longevidade: pessoas com uma boa rede de amigos e confidentes vivem 22% mais tempo do que aqueles que se isolam. A pesquisa australiana revelou que a família é importante, mas sua influência para a saúde não é tão grande como a dos amigos.
A explicação para isso estaria no fato de que são eles nossos maiores incentivadores para nos cuidarmos melhor, parar de fumar ou beber e procurar ajuda médica diante de algum sinal físico importante. Além disso, são os amigos que estão por perto para ouvir e ajudar a enfrentar os momentos difíceis, muitas vezes vividos dentro da própria família.
Sendo assim, a mensagem central é que manter um senso de sociabilidade entre amigos aparece como fator relevante à sobrevivência.
“A cada dia que vivo, mas me convenço que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional”.
Carlos Drummond de Andrade
*Adriane G. Henriques é Psicóloga
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