A estação que vai de 21 de junho a 23 de setembro, além de ser a mais fria, é considerada alta temporada de doenças respiratórias. É o período em que, devido ao clima frio, a população tende a ficar mais tempo em lugares fechados, com pouca circulação de ar, facilitando a transmissão de doenças. Aumentam a sobrevida de microorganismos, favorecendo infecções de vias aéreas respiratórias.
É muito comum as pessoas apresentarem dores de cabeça, febre, dor de garganta, tosse noturna e afirmando que estão gripadas. Passa o tempo e se acham curados. Apenas dois ou três dias após, os sintomas como febre dor de cabeça voltam, só daí procuram o médico que ao examiná-los descobre a sinusite.
Os seios paranasais são constituídos por cavidades pertencentes a quatro estruturas ósseas: maxilar, etmoidal, frontal e esfenoidal. Com várias funções, como a de diminuir o peso da cabeça, servir como caixa de ressonância para voz, eliminar secreções que lubrificam o aparelho respiratório e ajudar a aquecer e umidecer o ar que penetra no nariz. Estas cavidades comunicam-se com as fossas nasais através de pequenos orifícios (óstios). Os seios maxilares e etmoidais já estão presentes no recém-nascido, mas são do tamanho muito reduzido durante os primeiros dois anos de vida, o que torna discutível a indicação de estudo radiológico antes desta idade. Os seios frontais e esfenoidais desenvolvem-se após os quatro anos de idade, atingindo seu tamanho adulto somente na puberdade.
Os seios da face mais frequentemente comprometidos são o maxilar e etmoidal. A etmóide costuma aparecer após seis meses de idade. A infecção maxilar produz manifestações clínicas após o primeiro ano de vida. A sinusite frontal é rara antes dos dez anos de idade.
A sinusite aguda pode ser definida como infecção da mucosa que reveste as cavidades paranasais, secundária as infecções virais, bacterianas ou fungica, por duração inferior a quatro semanas.
A sinusite acontece quando vírus, bactérias, fungos e principalmente processos alérgicos inflamam e obstruem pequenos orifícios (osteo), o bloqueio do osteo impede a renovação do ar e a eliminação das secreções, que acumulados dentro dos seios, produzem dores intensas nas áreas afetadas. Com o tempo, o muco preso torna-se ideal para a multiplicação de microorganismos.
Alguns fatores são causadores da sinusite, mas o maior causador é a alergia, pois o frio colabora para a dilatação dos vasos sanguíneos, que inchados fecham ainda mais as fossas nasais.
Uma pessoa que vive em ambiente empoeirado, com muita umidade, mofado, sem sol, colabora muito, para desencadear a enfermidade. Sem esquecer do tabagismo e uso de drogas como fatores importantes nesta patologia.
Além da alergia outros fatores estão associados á sinusite, como: hipertrofia de adenóide, hipertrofia de cornetos nasais, deformidade septal, alterações anatômicas e doenças sistêmicas.
Os sintomas de sinusite são comuns aos de infecções virais de vias aéreas superiores, como: tosse, inapetência, febre, mal estar, obstrução nasal, dores de cabeça, secreção nasal, dor na face, dores nos dentes e nos ouvidos, haliose, diminuição do olfato, secreção descendo na garganta.
O diagnóstico é feito através do exame clínico onde mostra a presença de secreção nas fossas nasais também nos cornetos nasais edemaciados e hiperemiados.
Outro exame é a nasofibroscopia, um método não invasivo excelente no diagnóstico e serve para colher secreção no meato médio para cultura.
A tomografia computadorizada é o melhor exame de imagem nos casos agudos, não está indicada rotineiramento.
O valor da radiografia simples dos seios da face é controverso e discutível. A radiografia não avalia com exatidão a extensão da inflamação, principalmente no etmóide.
A ressonância magnética tem uso restrito e limitado a complicações, especialmente intracranianas e no diagnóstico diferencial de processos neoplasicos.
A punção dos seios maxilares é o melhor para o diagnóstico na sinusite bacteriana, porém não deve ser indicada rotineiramente, uma vez que se trata de um procedimento invasivo. Está reservada para pacientes imunodeprimidos e sinusites complicadas.
O tratamento de sinusite aguda, nos casos m que não há dúvidas sobre a necessidade de utilizar o antibiótico, deve-se orientar sobre a importância de retirar fatores predisponentes e mantenedores. Iniciar com irrigação nasal com solução salina melhorar a higiene ambiental.
Nos casos em que os sintomas persistirem por mais tempo como febre alta e dores de cabeça está indicado o uso de antibiótico.
Não está indicado no tratamento de sinusite aguda uso de antiinflamatórios não hormonais, anti-histamínicos e descongestionantes sistêmicos ou mucolíticos, estas drogas não trazem benefícios.
Os corticoides intranasais não são efetivos, já que o mecanismo é lento. Podem ser empregados como profilaxia de recorrência. Os corticoides sistêmicos, administrados preferencialmente por via oral, são reservados aos casos resistentes ou complicações associadas.
Para finalizar, concluímos que a água continua sendo o maior fluidificantes das secreções do aparelho respiratório.
* Dr. José Eduardo de Barros Carraro é Otorrinolaringologista