Este tipo de pessoa geralmente não consegue se desligar do trabalho, mesmo nos momentos de folga. Ela sofre por gerar para si uma qualidade de vida muito ruim, advinda das pressões do dia-a-dia e de uma auto exigência exagerada. Este profissional, não raramente, pode apresentar insônia, mau-humor, sensação de impotência frente às dificuldades, manifestação de atitudes agressivas em situações de contrariedade, estresse, depressão.
O avanço tecnológico aparece como um forte colaborador para o surgimento deste tipo de comportamento. Internet, mensagens instantâneas por e-mail e celulares, fax, contribuem para que o individuo não se desligue de seu trabalho, permanecendo 24 horas online. O medo de fracassar é quase uma constante nas emoções cotidianas do workaholic. Este medo impulsiona o profissional a tentar sempre mais e melhores resultados, em uma busca sem fim por eficiência e eficácia. Muitos podem ser conduzidos ao excesso no trabalho por alguma compulsão interna, como para superar uma baixa auto-estima, por exemplo.
Os workaholics são aceitos e freqüentemente estimulados pela sociedade, que os vê somente como um trabalhador árduo tentando prover o melhor para si e sua família. Com o aumento da competitividade no mercado de trabalho, e da exigência desmedida de qualificação profissional, muitas pessoas se vêem na obrigação de atender indiscriminadamente às solicitações deste mercado , passando a, com o uso de um ditado popular, viver para trabalhar, e não trabalhar para viver.
Vale salientar a importância de não confundir trabalhar demais com ser viciado em trabalho. Algumas atividades demandam maior quantidade de tempo para sua execução, não necessariamente tornando o profissional um workaholic. Pessoas que trabalham demais podem ser capazes de distinguir as fronteiras entre a vida profissional e a pessoal, conseguindo realizar suas atividades “extra-trabalho” normalmente, enquanto os viciados em trabalho, em geral, não têm vida pessoal e não conseguem viver tranqüilamente fora do trabalho.
Há estudos que afirmam que existe uma versão mais saudável desse perfil, o worklover. Este profissional, mesmo trabalhando muitas horas por dia, consegue encontrar um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal/lazer. Segundo Mendes (1999), a atividade profissional escolhida com base nas inclinações pessoais, proporciona melhores meios à sublimação. Isso se demonstra na criatividade, na inovação e na criação de oportunidades. Significa dizer que o prazer no trabalho consiste em um dos elementos fundamentais do equilíbrio psíquico, que cria identidade social. Resumindo, no worklover aparece um espaço comum entre a identidade individual e a profissional, sem que uma afete negativamente a outra.
O importante é que todos nós, profissionais, entendamos que a constituição da identidade profissional é, ao mesmo tempo, um processo individual e social. Nossas escolhas relacionadas ao trabalho derivam das experiências e interesses pessoais; resultam, também, da história de vida particular do indivíduo, de como se deram e se dão suas interações sociais e familiares, e dos conceitos e valores formados destas vivências. Para que a vida dentro do trabalho tenha sentido e significado para o sujeito, é necessário que a vida fora do trabalho também faça sentido. Atrelar prazer ao trabalho cotidiano pode levar o profissional a alcançar uma melhor qualidade de vida, além de ganhos significativos também financeiramente.
* Gláucia da Silva Veigas de Macedo é Psicóloga
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