Na primavera do hemisfério norte de 1961 uma epidemia de crianças deformadas foi noticiada primeiramente na Austrália e logo após na Alemanha e na Inglaterra, nas quais o único fator comum era uma droga conhecida como talidomida, consumida pelas pessoas como substância de efeito calmante.
O medicamento Talidomida, foi primeiramente posto no mercado alemão em 1957 e se tornou muito popular como sedativo. Vendida e apresentada como remédio sem efeitos tóxicos, a talidomida espalhou-se rapidamente em todo o mundo ocidental, exceto nos Estados Unidos, onde ela não foi permitida. Muitas gestantes tomaram tabletes de talidomida sob prescrição médica simplesmente para passarem uma noite tranquila.
Então, a administração de medicamentos á mulher grávida pode influir sobre o feto de diversas maneiras; desde melhorar suas perspectivas de vida e seu desenvolvimento ao melhorarem enfermidades maternas, até levar as malformações congênitas sem afetar sua sobrevida ou afetá-la até sua morte.
O efeito nocivo das drogas, durante a gestação, é dependente do tipo de droga, da dose administrada, da idade gestacional no momento do uso. Na década de 60 tomamos consciência de que a placenta não é um filtro seletivo que deixe passar ao feto somente o que lhe seja benéfico.
Deve-se levar em consideração que cerca de 80% das grávidas utilizam quatro ou mais drogas durante a gestação (excluídas as vitaminas), e que 65% usam medicações não prescritas por médicos, e que quando uma gestante consome um medicamento, dois pacientes estão sendo tratados. Além disso, virtualmente, todos os fármacos ultrapassam a placenta, e a resposta fetal aos fármacos é diferente da materna, resultando em maior toxicidade, devido á uma maior permeabilidade sanguínea cerebral e função hepática mais deficiente.
O período de maior sensibilidade ás anomalias fetais na espécie humana é o período embrionário, da organogênese (formação dos órgãos fetais) que vai aproximadamente do 17º ao 57º dia pós-fecundação (primeiro trimestre). Após esse período, entretanto, certos órgãos internos como genitais, e o cérebro continuam seu desenvolvimento podendo ser adversamente afetados por drogas como álcool, fumo, cocaína, etc., provocando profundos efeitos sistêmicos e cardiovasculares na mãe e no feto, que podem levar á complicações como mal-formações, parto prematuro, descolamento prematuro da placenta.
Assim, é sempre recomendável informar ao médico pré-natalista antes do uso ou ingestão de qualquer medicação ou substância. Vale também valorizar aqui, o uso do ácido fólico no primeiro trimestre da gestação, que visa prevenir malformações do tubo neural fetal, e lembrar que a auto-medicação é uma comportamento arriscado, principalmente durante a gravidez.
* Pediatras Hospital HINJA
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